Está preso preventivamente um
homem de 46 anos acusado de estuprar, torturar e manter uma criança como
escrava sexual, em Ceilândia. O suspeito foi encontrado na casa dele, na QNL,
por agentes da 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte), na manhã desta
quarta-feira (24/4). O acusado é investigado desde 2018, quando a mãe de uma
das vítimas, à época com 11 anos, fez um boletim de ocorrência contra ele.
De acordo com a investigação, a
primeira vítima de José Evandro de Oliveira, conhecido como "Véi" ou
"Zé", foi uma criança que tinha 11 anos. O suspeito era conhecido da
família do menino e, como a mãe dele estava em situação vulnerabilidade, a
convenceu de deixá-lo "criar" o garoto, como explica o delegado-chefe
Jônatas Silva.
"A mãe sequer chegou a
imaginar que poderia acontecer algo tão sádico com o filho. O garoto foi
abusado sexualmente logo que começou a morar com José e, atualmente, está com
14 anos. Durante este período, o menino, que era mantido como escravo sexual,
era pago para conseguir novas vítimas, que geralmente eram capturadas nas ruas",
detalha.
Os abusos sexuais aconteciam na
madeireira onde José trabalhava, na região administrativa. O garoto levava
outras crianças para o local, onde eram recebidas pelo acusado com agressões
físicas. As duas vítimas identificadas tinham 9 e 11 anos. "Além dos estupros,
as crianças eram torturadas. Trata-se de um criminoso sádico, que, em uma das
ocasiões, chegou a colocar uma barra de concreto nas costas do menino enquanto
abusava sexualmente dele", acrescenta o delegado.
Em outro caso, José Evandro
descobriu que um dos garotos ia informar aos pais sobre o crime. Segundo
Jônatas Silva, o acusado "pegou um pedaço de madeira e espancou a
vítima". Apesar das ameaças, os delitos foram descobertos pelas mães de
dois meninos, que buscaram a 19ª DP. Os agentes tentaram prender o suspeito em
flagrante, mas ele descobriu a ação e conseguiu fugir.
"Desde então, o monitoramos.
Coletamos os depoimentos especiais das três crianças e, com o material,
representamos pela prisão à Justiça e o cumprimos hoje (o mandado). Trata-se de
um homem extremamente perigoso, que não pode estar livre para viver em
sociedade. Quando o encontramos, ele estava com o garoto feito de escravo
sexual, o que demonstra que ele não se arrepende das ações", afirma o
delegado-chefe Jônatas.
As vítimas foram encaminhadas
para acompanhamento no Conselho Tutelar de Ceilândia, onde também receberão
apoio psicológico para tratar os traumas sofridos. Os meninos passaram por
exames de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) e peritos
indicaram que eles não pegaram doenças sexualmente transmissíveis.
Agentes também cumprem um segundo
mandado de prisão contra José, expedido pela Justiça de São Paulo, pelo crime
de atentado violento ao pudor (lei vigente da época. Atualmente, todos estes
casos são tratados como estupro, tento ou não conjunção carnal), cometido
contra uma menina.
Prisões em todo o DF
A prisão faz parte da Operação
PC27, coordenada pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil (CONCPC) e
deflagrada, nesta quarta-feira (24/4), nas 27 unidades da Federação. O objetivo
das ações é combater a criminalidade. São cumpridos, durante todo o dia,
mandados de prisão, busca e apreensão nas diversas regiões administrativas.