O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (10), que seu
governo enfrenta alguns problemas devido à forma como ele escolheu
governar, sem permitir que sejam feitas indicações políticas para a
composição da estrutura de seu governo. Ele disse, ainda, que poderá
enfrentar "um tsunami na semana que vem", mas não explicou o que poderia
ser. O presidente participou do evento "Nação Caixa" nesta manhã, em
Brasília, e falou brevemente a gestores da Caixa Econômica Federal.
"A imagem distorcida da Caixa era em função disso. Cada partido tinha
uma presidência, uma vice-presidência. Não tinha como dar certo. Escolhi
nossos ministros por critério técnico, todos têm liberdade para
decidir", afirmou.
O presidente contou que fez apenas duas indicações para o seu governo: o
do secretário da Pesca, Jorge Seif Junior, e "um jovenzinho" para a
Apex. "Se por ventura eu indicar alguém, falei para os ministros, eles
têm poder de veto. O que eu quero deles, na ponta da linha, é
produtividade. Tem que atender o fim a quem se destina a instituição. E
assim estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um tsunami
na semana que vem. Mas a gente vence esse obstáculo com toda certeza.
Somos humanos, alguns erram, uns erros são imperdoáveis, outros não",
comentou.
Nesta semana, o governo enfrentou algumas derrotas no Congresso. Na
quinta-feira (9), a comissão especial que analisa a medida provisória
870, que definiu a estrutura do governo Bolsonaro, decidiu por
transferir o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do
Ministério da Justiça para o Ministério da Economia. O ministro da
Justiça, Sérgio Moro, defendeu e continua insistindo que o órgão deve
ficar sob sua responsabilidade.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também encerrou o dia sem
colocar a medida em votação pelo plenário da Casa, o que torna sua
aprovação mais arriscada, já que a matéria perde a validade em 3 de
junho. A medida, no entanto, deverá ser pautada para votação na próxima
semana.
No evento desta sexta, Bolsonaro tentou explicar, ainda, um recente
problema que o governo enfrentou com os lotéricos, mas, ao não conseguir
esclarecer exatamente o que queria dizer, afirmou apenas "não é minha
praia" e fez um gesto simulando armas com as duas mãos.
Bolsonaro relembrou o início da sua trajetória como deputado, nos anos
1990. "Quem esquece o seu passado, nunca terá futuro. Cheguei na Câmara
em 1991, militar, uma Câmara vinda de eleições fruto de uma nova
Constituição, enfrentando um monte de gente de esquerda, mas mantivemos a
posição", disse. O presidente contou, também, que decidiu disputar as
eleições mesmo sem ter recursos e apoios "para ajudar o Brasil". "Eu
tinha que arriscar", disse.
Ainda no evento, o presidente comentou o episódio em que foi atacado em
Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral e se emocionou. Ele foi
aplaudido na sequência. Bolsonaro disse ainda que quando conheceu o
presidente da Caixa, Pedro Guimarães, "foi amor à primeira vista", mas
em seguida disse que os dois se deram um "abraço hétero" no evento desta
sexta.
UOL