O produtor rural que não fizer o recadastramento em unidades de
atendimento da Enel, concessionária de energia elétrica do Ceará, até o
próximo dia 31, terá um impacto significativo na sua conta de luz. Pode
chegar a 60% de aumento em relação aos valores atuais. Entidades do
setor agropecuário mostram que, em muitos casos, poderá ocorrer a
inviabilidade da atividade no campo.
A falta de adesão dos produtores preocupa as entidades rurais. Até o fim
de abril passado somente 27% tinham feito o recadastramento.
Os agricultores e pescadores têm isenção de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na conta de luz, além do valor de tarifa rural ser reduzida em relação ao consumidor urbano.
Impacto
Para o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec) e
presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, no Sertão Central, Cirilo
Vidal, o não recadastramento traz um impacto significativo para os
agricultores. "Se muitos já pagam com dificuldades, imagine dobrando o
valor da conta", pontua. "Além de perderem isenção do ICMS, terão
cobrança de tarifa urbana", alerta.
De acordo com o secretário do Desenvolvimento Agrário, Assis Diniz, o
"esforço é para evitar que os produtores rurais e os agricultores de
base familiar sofram impacto na conta da energia elétrica".
Para Cirilo Vidal, a atividade agropecuária dos pequenos produtores vai
se tornar inviável. E alerta para a necessidade de seguir a
recomendação. "É fácil fazer o recadastramento, basta apresentar uma
declaração do sindicato e documentos pessoais", avisa. "Não podemos
perder esse prazo que já foi adiado uma vez".
O problema reside justamente na falta de informação. Com o período de
chuva chegando ao fim, muitos produtores rurais passarão a utilizar água
com maior frequência, o que resulta na elevação da conta de energia. A
equação, portanto, é simples. Conta mais cara e margem de lucro pequena
resultam em fim da produção. "Não compensa. Para quem não fizer o
cadastramento, a conta subirá e muitos terão que encerrar suas
atividades", alerta o produtor Hélio Goes, que atua em Quixadá, no
Sertão Central.
Diário do Nordeste