O Ceará figura apenas na 16ª colocação no que diz respeito à inovação
considerando todo o País. Segundo o Índice de Inovação da Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), divulgado ontem (13), o Estado não
investe suficientemente recursos públicos neste segmento e não possui
na pauta de exportações produtos de alto valor tecnológico, o que
impacta negativamente os resultados estaduais. A pesquisa, dividida em
dois índices (Capacidades e Resultados), traz informações sobre ambiente
propício para desenvolvimento em inovação, investimentos,
infraestrutura de qualidade, aproximação entre academia e setor
produtivo, exportações e pesquisa científica.
Para o economista da Fiec, Antonio Martins, dois pontos fundamentais que
o Ceará ainda precisa superar para desenvolver um ambiente de inovação é
a insuficiência de recursos públicos na área e competitividade nas
exportações. "O Ceará acaba aparecendo numa posição aquém,
principalmente, quando nós olhamos os indicadores de resultados. Quando
nós olhamos as capacidades, o grande gargalo é o investimento público em
ciência e tecnologia. O Ceará tem uma infraestrutura de
telecomunicações de qualidade, a maior do Nordeste, tem uma qualidade
nos cursos de pós-graduação interessante e suficiente, mas falta um
maior investimento público em ciência e tecnologia", explica Martins.
Em nota, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior
(Secitece), informou que o Governo do Ceará firmou, em 2018, o
compromisso de destinar 1,01% da receita tributária líquida do Estado
para ciência e tecnologia. "O repasse desses recursos representará, no
fim de 2027, mais de R$ 2 bilhões - ou seja, 2% da receita. A decisão
foi fruto de amplo debate e negociação entre os atores de CT&I e
Governo Estadual".
Além disso, o estudo da Fiec aponta que a quantidade de artigos
científicos e as patentes do Ceará estão abaixo da média nacional. "A
média do Brasil são 40 patentes para cada 1 milhão de habitantes, e no
Ceará são 20 patentes. São fatores que impactam negativamente os
resultados. O Estado é o 11º no índice de capacidades, bem à frente do
índice de resultados (17º). A gente tem uma capacidade, um ambiente
relativamente propício, mas falta converter isso em mais inovação e
desenvolvimento tecnológico", acrescenta o economista da Fiec.
De acordo com Martins, há um foco maior por parte do Governo do Estado e
das indústrias, de uma forma geral, o desenvolvimento através da
inovação. "Mas para que isso gere resultados e para que a gente possa
ver um crescimento do Estado no ranking, vai levar alguns anos. É algo
de médio e longo prazos, acima de 10 anos. O que precisa acontecer é um
direcionamento, um projeto de longo prazo, uma continuidade no
investimento público, sendo acompanhado pela academia e pelos setores
produtivos", observa.
Competitividade
Outro ponto que o Ceará registra índices desfavoráveis é o que diz
respeito à competitividade global, que são as exportações. "Uma vez que
não há uma estrutura produtiva, não há na economia setores intensivos em
tecnologia. As exportações do Ceará são focadas em frutas, calçados,
placas de aço, mas não são setores intensivos em tecnologia", reitera o
economista.
Para ele, quando a Fiec mediu a competitividade global, o Estado estava
um pouco abaixo da média brasileira. "Mas uma coisa que pode mudar a
posição do Ceará nas próximas pesquisas é o crescimento das exportações
de pás eólicas, que são consideradas produtos de alto valor agregado. E
isso vai ter um efeito na pauta exportadora. Nós já vislumbramos algumas
melhorias em um futuro próximo".
Diário do Nordeste