Depois de um período crítico durante a quadra
chuvosa de 2018, com 46 municípios em situação de contingência no
abastecimento de água, neste ano, o quadro está bem mais favorável. Caiu
para seis o número de cidades que enfrentam crise na distribuição de
água à população: Itapiúna, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Parambu, Pereiro e
Piquet Carneiro. A redução foi de 86,9%.
"Tivemos um bom inverno e uma boa recarga na maioria dos açudes",
observou o diretor de Negócios do Interior da Companhia de Água e Esgoto
do Ceará (Cagece), Hélder Cortez. Pelo menos até a próxima quadra
chuvosa, as seis cidades permanecerão em um quadro de contingenciamento.
Os açudes que fornecem água para os sistemas de abastecimento destas
localidades não tiveram recarga. E esse é um problema que já ocorre há
alguns anos. Mombaça, Monsenhor Tabosa, Pereiro e Piquet Carneiro já
estavam em situação crítica há um ano e permanecem atualmente.
Hélder Cortez explicou que através da reunião semanal do Grupo de
Contingência da Seca, as situações das cidades e dos açudes são
avaliadas e ações de atendimento, definidas. "Implantamos adutoras,
perfuramos e religamos mais poços profundos para que a cidade não fique
sem abastecimento", pontuou. Cada cidade tem suas dificuldades próprias,
mas no geral, Hélder avalia que este é o melhor cenário dos últimos
oito anos. "Tivemos situação de alívio em muitos municípios e já
chegamos a ter 50 cidades em situação de contingência de abastecimento
no passado".
Problemas e soluções
Em Itapiúna, o Açude Castro acumula apenas 0,6%. "Vamos perfurar mais
poços para atender à demanda", adiantou Cortez. Já em Mombaça, o Açude
Serafim Dias continua seco desde 2016. "Já estamos atendendo à cidade
com poços profundos e há geólogos definindo novas áreas para perfurarmos
mais unidades". O Açude Parambu que abastece a cidade de mesmo nome na
região dos Inhamuns obteve uma recarga suficiente para atender à demanda
até o fim deste ano. O Açude São José II em Piquet Carneiro está com
2,6%. Por lá, existe a necessidade de ampliação no número de poços
profundos.
Já em Monsenhor Tabosa, o abastecimento vai continuar exclusivamente
por meio de poços profundos, porquanto o reservatório local permanece
seco. Esse mesmo quadro ocorre em Pereiro, no Vale do Jaguaribe, que
enfrenta há pelo menos quatro anos crise no abastecimento. O Açude
Adauto Bezerra permanece seco. "A recarga não é suficiente para um mês",
lamenta Cortez. "A nossa expectativa é a adutora que o Dnocs está
instalando e que deve ser concluída em 60 dias".
O diretor da Cagece chama a atenção para o fato de que, mediante a
crise, os moradores se adaptaram, reduzindo o consumo de água. Já os
técnicos dos órgãos envolvidos em assegurar a distribuição de água para
as famílias, encontraram alternativas e soluções efetivas que servem,
hoje, de modelo. "Essa crise que vem desde 2012 está sendo um
aprendizado para todos nós", pontuou. "Para cada realidade temos um
plano de ação".
(Diário do Nordeste)