A Seleção Brasileira na Copa América não será
mais o time de Neymar, mas deve ser agora o de Philippe Coutinho. O
jogador do Barcelona assumiu a responsabilidade, fez dois gols e
comandou a vitória sobre a fraca Bolívia, por 3 a 0, ontem à noite, na
partida de abertura da competição, no Morumbi, em São Paulo. Também pode
ser o time de Everton, que entrou no 2º tempo e quebrou o gelo do
futebol burocrático com um belo gol que fechou a conta brasileira.
O papel de Coutinho
Mesmo sem ser brilhante, o Brasil começa a campanha com resultado
positivo e um personagem disposto a ser o novo protagonista. Coutinho
ajudou a salvar uma atuação pouco convincente. Cortado por lesão, Neymar
fez falta e pela criatividade e capacidade de atrair marcadores. A
Bolívia conseguiu segurar a pressão no 1º tempo e, apesar da
incompetência para levar perigo, mostra o quanto a Seleção Brasileira
precisa melhorar e mostrar mais intensidade.
Se jogar em casa já foi para o Brasil uma vantagem e, em outros
momentos, como na Copa de 2014, causa de nervosismo, na estreia na Copa
América ser mandante pareceu um fator neutro. O Morumbi se coloriu de
camisas amarelas e estava quase lotado, mas sem traduzir isso em
pressão. O ambiente foi muito silencioso durante maior parte do jogo.
Dos assentos era possível ouvir o barulho das divididas e dos gritos dos
jogadores dentro de campo.
O comportamento frio do público ficou à altura do futebol ruim da
Seleção Brasileira no 1º tempo. Vestida de branco, a equipe cruzou mais
de 20 vezes a bola na área, por falta de alternativas melhores. O
armador Philippe Coutinho errou muito, os pontas tentavam resolver
sozinhos e a bola girava ao redor da defesa boliviana sem rumo.
A torcida só se manifestou no começo da partida ou por gritos
homofóbicos contra o goleiro Lampe ou quando o árbitro encerrou o 1º
tempo. As fortes vaias pontuaram o quanto a Seleção estava abaixo do
esperado. Foram poucas finalizações perigosas.
A dificuldade em atacar era esperada, até pela forte marcação
boliviana, porém não demonstrar intensidade e vibração capazes de ao
menos movimentar a partida foram falhas graves. A presença de dois
volantes (Casemiro e Fernandinho) se mostrou uma cautela excessiva
contra um adversário sem ambição de atacar.
Outro Brasil
Os erros do Brasil acabaram corrigidos no 2º tempo graças ao árbitro
de vídeo. Antes da etapa final virar um drama sem gols, a tecnologia
assinalou um toque de mão de Jusino na área, aos quatro minutos. O lance
havia passado despercebido pelo árbitro Nestor Pitana. Coutinho bateu
no canto direito e fez 1 a 0.
Logo depois, aos sete, a Bolívia deu espaço para Firmino servir para o
pequenino Coutinho (1,72m) completar de cabeça para as redes. Com dois
gols marcados tão rapidamente, o Brasil relaxou de vez. Mas a equipe
ainda viu Everton entrar e anotar o dele. O atacante cearense do Grêmio
fez ótima jogada individual e concluiu a gol com um belo chute cruzado. O
placar de 3 a 0 marca uma largada positiva mais pelo resultado do que
pelo desempenho.
(Diário do Nordeste)