Mortes pela doença incluem padre
e estudante de nutrição na região do Cariri. Secretaria da Saúde confirma
aumento de casos notificados e reforça importância da Campanha de Imunização,
prorrogada até sexta-feira (14)
Doenças respiratórias são sempre
complexas, pois são invisíveis e podem gerar quadros graves. Em 2019, até 6 de
junho, 19 pessoas morreram por influenza no Ceará, de acordo com a Secretaria
da Saúde do Estado (Sesa), por meio do boletim epidemiológico divulgado ontem
(10).
Os casos representam 36% das 53
mortes ocasionadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) neste ano.
Desse total contabilizado, sete foram em decorrência do subtipo A H1N1.
Os dados revelam quedas
acentuadas em relação a igual período de 2018, quando foram registrados 144
óbitos por SRAG, dos quais 73 foram por influenza. Das mortes causadas por
influenza, 57 tinham subtipo A H1N1. Quando se observam as notificações da
doença neste ano, no Ceará, foram contabilizados 550 casos de SRAG; destes, 125
foram por influenza, sendo 44 pelo subtipo A H1N1. No ano passado, esse mesmo
subtipo havia sido responsável por 308 notificações.
De acordo com a Sesa, a partir do
mês de fevereiro, foi identificado um aumento no número de casos notificados e
confirmados para outros vírus respiratórios de SRAG não especificada, diferente
do padrão encontrado nos dois anos anteriores. "Isso tem a ver com o
padrão de circulação do vírus, como ele está acometendo, em que regiões do
Estado está circulando, e aí tem um aumento do número de casos", explica
Danielle Queiroz, coordenadora de Vigilância em Saúde do órgão.
Casos no Cariri
A secretaria notou que, nas
últimas semanas, houve "um incremento dos casos notificados de SRAG na
macrorregião do Cariri". Óbitos por influenza foram registrados nos
municípios de Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Tarrafas, Jucás, Aurora
e Missão Velha. Até o momento, nessa região, houve 12 casos por influenza A
H1N1, três óbitos confirmados pelo mesmo subtipo e 27 ocorrências que ainda
estão em investigação pela Pasta.
Quatro casos de H1N1 foram
confirmados no mês de maio nos municípios de Juazeiro do Norte e Crato, com
três mortes. As informações, obtidas na semana passada, foram confirmadas pela
Secretaria. Entre as mortes, está a da estudante de nutrição Rafaela Callou de
Sá Barreto, de 23 anos. A universitária estava internada em uma clínica
particular de Juazeiro do Norte e faleceu após sofrer três paradas
cardiorrespiratórias, na madrugada do dia 4 de junho.
A segunda morte confirmada
ocorreu no mesmo dia. A vítima foi o padre José Luismar Rodrigues, da Paróquia
Nossa Senhora das Angústias, em Tarrafas. Ele estava internado num hospital do
Crato. Ainda conforme o boletim da Sesa, neste ano, outros seis óbitos foram
causados pela influenza A H3/sazonal; seis pela influenza B e dois pelo Vírus
Sincicial Respiratório (VSR). Vinte e uma mortes não tiveram o agente
etiológico especificado, e 11 estão em investigação.
"O aumento de ocorrências de
adoecimento normalmente, epidemiologicamente, acontece quando há pessoas
suscetíveis, que não estão protegidas, e acontece a introdução de um vírus, um
novo agente etiológico", comenta Danielle Queiroz.
Imunização
A Sesa afirma que a imunização
contra a influenza é uma das medidas mais efetivas para a prevenção. A vacina
protege contra três tipos da doença: a H1N1, a H3N2 e a B/Colorado/06/2017.
Após a vacinação, a detecção de anticorpos protetores ocorre entre 2 e 3
semanas. Geralmente, apresenta duração de 6 a 12 meses.
Até 13h de ontem, o Ceará havia
vacinado 2.266.437 pessoas contra a gripe. O alcance representa cobertura de
88,4% do público-alvo, enquanto a meta oficial do Ministério da Saúde é de 90%.
Para tentar chegar ao resultado, a vacinação em todo o Estado foi prorrogada
até a próxima sexta (14). No Ceará, 151 municípios já alcançaram a meta da
cobertura vacinal.
Os dados mostram que a população
carcerária e funcionários do sistema prisional foram os mais imunizados,
atingindo 145% da meta. Em seguida, vêm 95% das mulheres com até 45 dias
pós-parto (puerpério); 95% da população indígena; 92,47% dos idosos com 60 anos
ou mais e 90% professores de escolas públicas e particulares.
Gestantes, trabalhadores da saúde
e doentes crônicos estão empatados, com 89% cada; 86% das crianças de 6 meses a
menores de 6 anos também foram vacinadas. A população com menor cobertura é a
de adolescentes e jovens sob medida socioeducativa, com apenas 14% do total.
"Por isso a vacinação é tão
importante para os grupos de risco. Embora para a maioria da população a gripe
vem como uma doença comum que se cura em sete dias, para os grupos prioritários
ela pode ter um custo mais grave", finaliza Daniele Queiroz.