Uma das maiores referências das Artes Cênicas cearenses, o teatrólogo Haroldo Serra faleceu aos 84 anos, em Fortaleza. De acordo com informações da sobrinha de Haroldo, Mônica Silveira Serra, o falecimento aconteceu por volta das cinco horas da manhã deste domingo (16), em virtude de uma parada cardíaca. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Mateus (Papicu).
O artista havia passado por uma
cirurgia em maio deste ano e reagiu bem, conforme conta
Mônica. Porém, três dias depois, sofreu uma parada cardíaca e, desde a data,
estava resistindo. "Ele lutou muito, muito mesmo", afirma.
O velório acontecerá no Parque
da Paz neste domingo (16), às 10h. A missa de corpo presente será às
15h, e o sepultamento às 15h30.
"O maior gênio
empresarial do teatro cearense”, segundo o teatrólogo Marcelo Farias Costa
(em "História do Teatro Cearense"), Haroldo Serra comemoraria, em
2019, 62 anos de sua estreia nos palcos. Em setembro de 1957, subiu aos palcos
pela primeira vez em “Lady Godiva”, de Guilherme Figueiredo. Naquele mesmo ano,
fundou a Comédia Cearense, um dos grupos de teatro mais antigos do País.
A data oficializa a estreia
profissional, mas os primeiros passos do diretor no teatro remonta à Tamboril,
sua cidade natal, a 300km de Fortaleza. O tio, Franklin Serra, foi um de
seus maiores incentivadorese através do qual manteve os primeiros
contatos com as artes. Franklin trouxera dos anos vividos no Amazonas um
punhado de histórias das óperas e dos grandes espetáculos aos quais assistia no
teatro de Manaus.
O tio cantava as músicas e
encenava os personagens para o jovem Haroldo, que tão logo se apaixonaria pelas
artes cênicas tanto quanto Franklin, já participando de pequenos espetáculos no
Interior cearense.
O contato com o rádio foi também
crucial para seu enlace com o teatro. Aos 16 anos, já em Fortaleza, trabalhou
na Rádio Iracema. Exerceu a profissão de radialista por 14 anos,
passando ainda pela Rádio Verdes Mares e Dragão do Mar. Da locução conheceu a
radiodramaturgia e, por conseguinte, do teatro. Nos anos 50, cria o Teatro
Experimental da Arte, ao lado de B. de Paiva, Marcus Miranda e Hugo Bianchi. A
Comédia Cearense nasce pouco depois.
Haroldo Serra dedicou-se
exclusivamente ao teatro através da Comédia Cearense, ao lado da mulher,
Hiramisa Serra, também atriz e exímia figurinista, e do filho Hiroldo Franklin
Serra, atual diretor do grupo. Pela companhia ultrapassaram a marca de 100
espetáculos apresentados.
Entre os prêmios conquistados,
destacam-se os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Cenógrafo – no
Festival de São José do Rio Preto (SP). Trouxe para o Ceará ainda os troféus de
Melhor Espetáculo com a peça de Gastão Tojeiro, “O Simpático Jeremias”, e de
Melhor Espetáculo pela Comissão Julgadora e Júri Popular com a peça “O Morro do
Ouro”. Em 2002, foi contemplado com o Troféu Sereia de Ouro, do
Grupo Verdes Mares de Comunicação.![]() |
Criadora do Grupo Teatral A
Comédia Cearense, família Serra em registro de 2017, no apartamento de Haroldo
e esposa Foto: Daniel Roman |
Naquele mesmo ano, inaugurou a Casa da Comédia Cearense, no bairro Rodolfo Teófilo, espaço destinado à preservação e divulgação da trajetória da companhia.
Nas redes sociais, o ator,
diretor, produtor, autor e professor de teatro Hiroldo Serra, um
dos filhos de Haroldo, compartilhou o seguinte texto sobre a morte do pai:
“Partiu o Mestre Maior do Teatro
Cearense. Agora vai atuar no palco celestial, as nuvens serão as cortinas e as
estrelas os refletores. Lutou até o último segundo como fez sempre ao longo dos
seus bem vividos 84 anos, mas seu coração não era de pedra. Durante incansáveis
67 anos, viveu centenas de personagens e foi aplaudido por milhares de espectadores
nos mais diferentes palcos do mundo.
Entendemos que o teatro é vida, pulsante
por isso seu corpo não será velado em nenhum teatro. Sua lembrança dos palcos
será sempre dos seus personagens. No palco daremos prosseguimento à vida da
Comédia Cearense. Assim sendo, seu velório acontecerá no Parque da Paz dia 16 a
partir das 10h.
Missa de corpo presente às 15h. Sepultamento às 15:30. Não haverá uma missa formal de sétimo dia. Compartilhem essa informação e muito grato de coração o apoio de todos. Mestre Haroldo disse ‘Quando eu morrer, não ponham uma laje fria sobre o meu túmulo, eu prefiro sentir calor! Quando eu morrer, quero que cantem uma bela canção de amor. Quando eu morrer, quero escrito no meu Epitáfio: ‘Aqui jaz um homem que foi muito feliz’”.
Missa de corpo presente às 15h. Sepultamento às 15:30. Não haverá uma missa formal de sétimo dia. Compartilhem essa informação e muito grato de coração o apoio de todos. Mestre Haroldo disse ‘Quando eu morrer, não ponham uma laje fria sobre o meu túmulo, eu prefiro sentir calor! Quando eu morrer, quero que cantem uma bela canção de amor. Quando eu morrer, quero escrito no meu Epitáfio: ‘Aqui jaz um homem que foi muito feliz’”.