Dois dos 55 filhos da pastora evangélica e deputada federal Flordelis dos Santos (PSD) foram presos na segunda-feira (17), um dia após a morte do seu marido, o pastor Anderson do Carmo de Souza, assassinado com pelo menos 15 tiros na garagem da própria casa, em Pendotiba, bairro de Niterói, região metropolitana do Rio. Embora tenham sido presos por outras acusações, eles estão sendo investigados pela Polícia Civil por possível envolvimento na morte.
O primeiro detido foi Flávio dos Santos Rodrigues,
de 38 anos, filho biológico de Flordelis e enteado de Souza. A prisão
ocorreu durante o enterro do padrasto. Ele foi levado para a Delegacia
de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, onde prestou depoimento e deve
passar a noite na carceragem.
Desde 17 de abril, Flávio tinha um mandado de prisão preventiva em aberto por violência doméstica.
Em janeiro, a Justiça determinou que se mantivesse a pelo menos 500
metros de distância da ex-mulher, além de respeitar outras medidas
protetivas. Como desrespeitou as ordens impostas pelo juiz André Luiz
Nicolitt, do 1º Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de São Gonçalo (região metropolitana do Rio), foi alvo da ordem
de prisão cumprida nesta segunda-feira (17).
O outro filho do casal preso é Lucas, de 18 anos. Ele é um dos 51 filhos adotivos do casal e, antes de completar 18 anos, teria se envolvido com o tráfico.
A ordem de prisão contra ele foi emitida por conta dessa suposta
conduta. O rapaz foi detido na casa da família, em Niterói, e seria
encaminhado para uma unidade do Departamento Geral de Ações
Socioducativas, órgão estadual responsável pela execução de ordens
judiciais contra crianças e adolescentes.
A principal linha de investigação da Polícia Civil considera que Flávio e Lucas agiram juntos e mataram Souza para
defender a mãe após descobrir um caso extraconjugal de Souza. Outra
hipótese, que foi levantada, mas perdeu força, é de uma briga familiar em razão de uma dívida.
Já a deputada Flordelis contestou a hipótese de que um de seus filhos
tenha cometido o crime: "Isso é ridículo, acusar alguém sem provas",
afirmou, durante o enterro de Souza. Ela acredita que o marido foi morto
durante uma tentativa de assalto, em um latrocínio. "É nisso que eu acredito: que foi um assalto e ele morreu defendendo a família."
A advogada Luciene Diniz Suzuki, que atende a família de Flordelis,
afirmou ao jornal O Globo que a ex-mulher de Flávio vai informar à
Justiça que não deseja mais as medidas protetivas. Segundo Luciene, ela foi ao enterro e esteve com o ex-marido antes de ele ser preso.
Nesta segunda, o governador Wilson Witzel (PSC)
afirmou que esteve com o secretário de Polícia Civil na noite de domingo
(16) após a notícia do assassinato do pastor, e a principal linha de
investigação do crime era de que um dos filhos do casal ordenou a
execução. "A morte nos causa muita perplexidade", disse.
"Ontem (domingo) estive com o secretário de Polícia Civil e ele me
disse que há a suspeita de que um dos filhos adotados, não sei se
formalmente ou informalmente, teria praticado o crime. Agora está nessa
linha de investigação. Entendemos que é um fato lamentável e esperamos
que tudo seja rapidamente esclarecido. Vamos acompanhar a investigação",
afirmou Witzel durante um evento na escola estadual Paulo de Frontin,
na Praça da Bandeira (região central do Rio).
Souza e Flordelis voltavam de uma confraternização e teriam sido
seguidos até a casa deles. Segundo a deputada contou à polícia, depois
que chegaram em casa, o marido voltou à garagem porque teria esquecido algo dentro do carro.
Nesse momento, a família ouviu o som dos disparos e desceu correndo.
Souza chegou a ser levado ao Hospital Niteroi D’Or, onde morreu. Os
atiradores fugiram sem levar nada.
Testemunhas disseram que três homens encapuzados
fizeram disparos. O cachorro da família teria sido dopado para não
alertar sobre a presença de desconhecidos. Imagens de câmeras de
segurança da rua onde fica a casa do casal foram requisitadas e estão
sendo analisadas pela polícia. O caso está sendo investigado pela
Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
(G1/CE)