Localizado a cerca de sete quilômetros da sede do município de
Barbalha, o Parque Municipal Riacho do Meio é o único dos nove
geossítios que compõe o GeoPark Araripe, que está dentro do território
barbalhense. Conhecido pelas trilhas ecológicas, nascentes, bicas
naturais e formações geológicas, o lugar também é um dos habitats
naturais do soldadinho-do-araripe, ave símbolo da região, ameaçada de
extinção. Porém, a Unidade de Conservação, atualmente, se encontra
abandonada, sem fiscalização e, por isso, pouco atrativa aos visitantes.
De área densa e úmida, no Riacho do Meio há três nascentes que em seu
trajeto formam bicas - uma de suas principais atrações. A água que
corre é utilizada pelas comunidades do entorno. Já a trilha tem um total
de 880 metros e está sinalizada em quase todo seu trajeto. Nela, podem
ser encontrados o Olho D'água Branca, a Pedra da Coruja, a Nascente do
Meio e a Pedra do Morcego. Este último local, segundo pesquisadores,
serviu de esconderijo para os cangaceiros "Marcelinos", que
aterrorizaram a Região do Cariri na década de 1920. Foram capturados
pela Polícia em 1928.
"É um ponto importante de ocorrência", resume o biólogo Weber Girão,
que lidera as pesquisas sobre a ave através da Associação de Pesquisa e
Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis). Além disso, lá é um dos
poucos locais onde se encontram vegetais como a rosa-da-mata
(Psychotria colorata), que serve para alimentação da espécie ameaçada,
assim como pequenos insetos. A planta é facilmente encontrada nas
trilhas. Lá, também cresce a samambaia-açu (Cyathea medulis), árvore
pré-histórica, considerada um "fóssil vivo", ameaçada de desaparecer.
Obra
A equipe do Sistema Verdes Mares visitou o local na manhã da última
terça-feira (11) e constatou diversos problemas ao longo da trilha. A
dificuldade começa na entrada: centenas de canos e caixas d'água, que
serão utilizados em uma obra de abastecimento para as comunidades
vizinhas, bloqueiam o portão principal. Visitante só entra pelas brechas
da cerca de arame farpado.
No trajeto, canos muito extensos retiram água diretamente da
nascente. Além disso, há muito lixo. Apesar das lixeiras espalhadas,
copos plásticos, garrafas, sacolas e pontas de cigarro são jogados no
chão, principalmente nas áreas próximas ao riacho. Fato ainda mais grave
foi percebido no Olho D'água Branca, onde resquícios de carvão queimado
denunciam a prática de churrasco, que ameaça a Unidade com risco de
incêndio. Diante desse cenário e da insegurança, há poucos visitantes.
(Diário do Nordeste)