O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou nesta terça-feira (2), ao
participar de audiência na Câmara para esclarecer o conteúdo de
mensagens atribuídas a ele e a procuradores da República, que houve
"invasão" de celulares de autoridades para tentar invalidar,
criminosamente, as condenações da Operação Lava Jato.
A audiência conjunta das comissões de Constituição e Justiça (CCJ),
Direitos Humanos e de Trabalho, de Administração e Serviço Público
transcorreu em clima tenso e teve vários bate-bocas entre apoiadores de
Moro e parlamentares da oposição.
Diante das discussões acaloradas, o presidente da CCJ, deputado Felipe
Francischini (PSL-PR), ameaçou encerrar os trabalhos caso os deputados
não acalmassem os ânimos.
Ao se manifestarem, deputados da oposição teceram várias críticas à
conduta de Sérgio Moro na época em que ele era o juiz responsável pelos
processos da Lava Jato no Paraná.
O ex-magistrado voltou a dizer que não reconhece a autenticidade das
mensagens divulgadas pelo site The Intercept e que as conversas do
aplicativo Telegram não estão mais arquivadas no celular dele. E dando
continuidade à narrativa que adotou desde que vieram à tona as supostas
conversas trocadas com integrantes do Ministério Público Federal (MPF),
ele disse, mais uma vez, que "é comum" juízes falarem com procuradores e
advogados sobre processos.
Nas últimas semanas, o The Intercept publicou uma série de reportagens
que revela supostas mensagens trocadas entre Moro e o coordenador da
força-tarefa da Lava Jato.
"A meu ver, o que existe é uma tentativa criminosa de invalidar
condenações, e o que é pior: a minha principal suspeita é de que [o
objetivo] seja evitar o prosseguimento das investigações. Criminosos que
receiam que as investigações possam chegar até eles e estão querendo se
servir desses expedientes [as invasões e as mensagens] para impedir que
as investigações prossigam", afirmou o ministro na audiência solicitada
por parlamentares de três comissões da Câmara.
Na primeira fala aos deputados, Moro afirmou, mais de uma vez, que agiu
"com correção e com base na lei" durante a condução dos processos da
Lava Jato na primeira instância. O ex-juiz também disse que tomou as
decisões como magistrado "sem qualquer espécie de desvio".
"Minha opinião é de que alguém com muitos recursos está por trás dessas
invasões e o objetivo principal seria invalidar condenações da Lava
Jato", voltou a sugerir Moro, a exemplo do que já havia afirmado quando,
há duas semanas, prestou esclarecimentos no Senado sobre as mensagens
divulgadas pelo The Intercept.
G1



