A tomar como base pesquisa feita pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil, a maioria dos brasileiros apoia
a reforma da Previdência. A proporção, segundo os organizadores do
levantamento, é de sete apoiadores em cada grupo de dez consultados.
A pesquisa ouviu 800 pessoas com idades a partir de 18 anos nos 26
Estados e DF. A abertura da pesquisa mostra que 40% dos consultados
consideram correta a equiparação entre trabalhadores dos setores público
e privado. Do total de entrevistados, 44% acreditam que a reforma
previdenciária será totalmente aprovada ainda este ano.
Tema de discussão na Câmara dos Deputados e nas ruas, a
Previdência somou um rombo total de R$ 290,3 bilhões apenas em 2018,
segundo dados oficiais. Os brasileiros não estão indiferentes ao
problema. Tanto que 78% estão acompanhando, em alguma medida, as
discussões a respeito das novas regras para aposentadoria, sendo que 31%
estão totalmente por dentro do assunto e 47% acompanham apenas em
parte.
"Ainda que haja controvérsias a respeito dos possíveis efeitos da
reforma da Previdência em diferentes estratos da sociedade, é fato que o
regime de aposentadoria custeado pela União e pelos Estados caminha
para a completa falência nos próximos anos, se nada for feito. Ao criar
espaço para diminuir os gastos com a Previdência, espera-se que seja
interrompida a trajetória explosiva da dívida pública atual e que, com
mais segurança e equilíbrio no cenário macroeconômico, os investidores
recuperem a confiança necessária para retomar os investimentos", defende
presidente da CNDL, José César da Costa.
De acordo com a pesquisa, 44% acreditam que a reforma previdenciária
será totalmente aprovada ainda este ano. Embora a reforma da Previdência
seja vista como necessária pela maioria dos entrevistados, seu conteúdo
gera controvérsias: mais de um quarto (26%) concorda com a maneira em
que as mudanças foram propostas no Congresso - em grande parte, homens e
oriundos das classes A e B.
Por outro lado, as mulheres são maioria entre os 46% que acreditam na
necessidade de uma reforma, mas não concordam com a forma como tem sido
apresentada. Apenas 18% não veem necessidade de reforma, enquanto
outros 10% não souberam opinar. Dentre os entrevistados, 44% acreditam
que a reforma da Previdência será totalmente aprovada ainda este ano,
enquanto 28% acham que o texto não será aprovado tão cedo e 27% não
souberam dizer.
O principal motivo apontado pelos apoiadores das mudanças no regime
de aposentadoria é eliminar as disparidades entre funcionários públicos e
privados (50%), tornando o sistema mais justo e igualitário. Quatro em
cada dez (39%) acreditam que o envelhecimento da população brasileira
coloca em risco a garantia do benefício para gerações futuras, 33%
apostam na possibilidade de reequilibrar as contas públicas e aumentar a
confiança dos investidores no País e 25% acreditam que a reforma
ajudará o governo a arrecadar mais dinheiro para investir em áreas de
melhorias para a população, como saúde e educação. Outros 25% acham que
as mudanças evitarão o pagamento de novos impostos criados para manter a
Previdência.
Desigualdade
O fim da desigualdade é a tônica entre os brasileiros que defendem a
necessidade da reforma, ainda que haja alterações na proposta: quase
metade (49%) defende o aumento da contribuição ao INSS para pessoas que
recebem salários maiores. Trata-se do item na proposta atual em
tramitação no Congresso que os entrevistados consideram mais importante.
Já 40% consideram correta a equiparação entre trabalhadores dos
setores público e privado, 32% defendem o fim do acúmulo de benefícios e
28% concordam com a idade mínima proposta pelo governo, de 65 para
homens e 62 para mulheres. No entanto, em média, os entrevistados
consideram que o brasileiro deveria se aposentar aos 59 anos.
Embora a maioria dos brasileiros entrevistados já reconheça a
necessidade de uma reforma na Previdência, 81% identificam algum aspecto
negativo na proposta do governo. Um dos pontos que mais geram rejeição é
o aumento no tempo de trabalho (40%), especialmente entre as mulheres
(46%). Outros aspectos apontados foram a mudança de regras para quem já
estava para se aposentar nos próximos anos (30%), as chances de o
dinheiro arrecadado ser alvo de corrupção (30%) e a possibilidade de
desvinculação dos benefícios com o salário mínimo, o que aumentaria o
número de idosos ganhando menos (27%).
Independentemente do resultado final, as discussões sobre as mudanças
na Previdência fizeram com que 52% dos brasileiros mudassem a forma de
agir e pensar sobre o assunto. Três em cada dez entrevistados reforçaram
a importância dada ao planejamento da aposentadoria (29%), 21% passaram
a guardar dinheiro com o objetivo de se aposentar e 13% estão pensando
em antecipar a aposentadoria para não ser prejudicado pelas novas
regras. Por outro lado, 31% continuam pensando igual, principalmente por
ainda não terem refletido a respeito (13%) e por não acharem que a
reforma vai, de fato, acontecer (8%).
(O Povo)