Desde a década de 1980, a dengue e seu vetor, o Aedes aegypti, não são
estranhos para a população cearense. O Estado já vivenciou sete
epidemias da doença, com a última registrada em 2015. No ano passado, de
janeiro até o dia 22 de julho, o Ceará teve 3.119 casos confirmados de
dengue, conforme dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Em igual
período deste ano, foram contabilizados 8.582 casos da doença.
O aumento de 175,1% foi divulgado no Boletim Epidemiológico de
Arboviroses, publicado pela Sesa neste mês. Para Anastácio Queiroz,
infectologista do Hospital São José, tal variação é comum uma vez que, a
rigor, a dengue é uma doença endêmica com "pequenos surtos epidêmicos".
"Em nenhum ano deixamos de ter as arboviroses. Nós temos tido chuva até
agora, inclusive fora do período. Sempre que há chuvas mais leves, elas
terminam levando água para locais onde existem os ovos do mosquito que,
quando entram em contato com água, eclode. Isso poderia ser uma
explicação para o aumento dos casos", explica.
O infectologista ressalta ainda que a mudança de hábito é o principal
desafio para a prevenção da doença, tanto no Ceará quanto nos demais
estados. Ele exemplifica, ao afirmar, que a maioria das pessoas sabe
quais são os principais criadouros do mosquito, contudo, insistem em
jogar materiais plásticos na rua, que acabam acumulando água. "Tem que
ter uma matéria de prevenção de doenças nas escolas. É mais provável a
criança incorporar isso desde pequena na escola. Agora um adulto com
mais de 40 anos, já é difícil. É preciso começar cedo", afirma
Anastácio.
Ações
Com o objetivo de adentrar a quadra chuvosa de 2020 com segurança, até o
fim deste ano, a prioridade da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) será
a Operação Inverno, que se estenderá de outubro a dezembro. Durante 90
dias, serão selecionadas 30 áreas consideradas vulneráveis em Fortaleza,
onde costumam ser registrados casos de dengue ao longo do ano.
O POVO