Câmeras de segurança registram advogado suspeito de feminicídio carregando corpo de namorada


Câmeras de segurança do prédio onde morava a empresária cearense Jamile de Oliveira Correira, 46, registraram o momento que o advogado Aldemir Pessoa Júnior, suspeito de ser autor do feminicídio, carrega o corpo da vítima para dentro de um elevador, no bairro Meireles, em Fortaleza. O filho de Jamile acompanha o homem na ação, registrada no dia 30 de agosto.

A morte de Jamile de Oliveira foi considerada inicialmente como um caso de suicídio. Contudo, investigações da polícia apontaram desdobramentos do caso no dia seguinte ao sepultamento.

As imagens mostram quando o filho dela, de 14 anos, de corpo franzino, pega a mãe pelos braços e Aldemir a segura pelas pernas. Em determinado momento, o advogado carrega a mulher apenas por uma perna para colocá-la no elevador do prédio. 

Conforme uma fonte ligada à família da vítima, Aldemir Pessoa levou Jamile baleada para o Instituto Doutor José Frota (IJF), mesmo tendo ela um plano de saúde privado, e informou aos médicos que Jamile tinha tentado se matar.

O advogado então deixou Jamile sozinha, em estado grave, na unidade hospitalar e voltou para o apartamento dela, onde ele estava morando há cerca de cinco meses com a vítima e o filho dela.

Gravidade

O que intrigou os investigadores é que, mesmo diante da gravidade da situação, o advogado não avisou à Polícia sobre o caso, nem aos familiares de Jamile.

A família só foi informada sobre o caso no dia seguinte (30), às 18h30. Jamile Correia morreu às 7h do dia 31 de agosto no IJF. A situação começou a mudar quando o caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil, no dia seguinte ao sepultamento, e as investigações tiveram início.

No 2° Distrito Policial, a história contada pelo advogado não convenceu a Polícia, conforme apurou a reportagem. Segundo uma fonte (identidade preservada), Aldemir é atirador desportivo e não entregou as chaves do apartamento de Jamile.

O advogado continuou usando os bens dela, recebeu aluguéis dos imóveis que ela tinha e quis ficar com a guarda do menino. O adolescente, filho da vítima, foi tirado de Aldemir no dia 2 de setembro, no 2º DP, e entregue a uma tia paterna. O Conselho Tutelar acompanhou a oitiva do adolescente na Delegacia. O pai dele faleceu no dia 3 de agosto de 2017 durante um acidente de trânsito na Avenida Engenheiro Santana Júnior, bairro Papicu.


Depoimento: trajetória da bala não condiz com relato de advogado

Aldemir disse, na Polícia, segundo uma fonte, que ele e o menino tentaram evitar o disparo, mas a trajetória da bala no corpo de Jamile não condiz com o relato do advogado, de acordo com o laudo cadavérico. Na última sexta-feira, ele foi apontado como suspeito de ser o autor do feminicídio. A arma, que teria sido usada na morte, foi apreendida.

Uma pessoa ligada à família da vítima contou estar abalada com a morte de Jamile. Segundo a mulher, que pediu para não ser identificada, a amiga e Aldemir não mantinham uma relação amistosa:
Tudo isso me abala muito. A única coisa que ele queria dela era o patrimônio. Quando o marido dela faleceu, ele deixou um patrimônio alto
"Ela dizia que saía com ele e estava se divertindo, mas que não podia se envolver com uma pessoa que não conhecia. Teve uma vez que eles saíram e ele agrediu ela, deu um murro no olho da Jamile. Não sei de muita coisa porque ela era muito discreta, não gostava de expor sua vida", disse.

A mulher acredita que Aldemir planejou o assassinato e ainda revela que o suspeito queria que Jamile assinasse um papel repassando a ele todo o seu patrimônio. "Na minha cabeça, ele arquitetou tudo. Fez confusão e matou ela. Não digo que tenho suspeita, digo que ele atirou e matou ela dentro do closet do apartamento. Ele tinha uma folha onde dizia para ela passar todo o patrimônio dela para ele", acrescentou.




(Diário do Nordeste)

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