Horas depois, em uma coletiva
sobre a abertura do processo de impeachment, Trump garantiu que a situação da
Venezuela está ''sob controle''
(foto: Drew Angerer / GETTY
IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
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O Presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, denunciou "uma tragédia de
proporções históricas" na Venezuela, mas prometeu que os
venezuelanos estarão "livres". Trump discutiu a crise com colegas
latino-americanos nesta quarta-feira (25), à margem da Assembleia Geral da
ONU.
"A Venezuela está passando
por uma tragédia de proporções históricas" e foi "destruída pelo
socialismo", disse Trump em uma reunião em um hotel de Manhattan,
convidando representantes de mais de 20 países da região, incluindo os presidentes
da Colômbia, Chile, Equador, Argentina e Panamá.
"Mas continuaremos a apoiar
o povo venezuelano todos os dias até que finalmente sejam libertados desta
terrível opressão. Eles serão livres. Isso vai acontecer ", disse ele.
Trump disse que os Estados Unidos
"estão fazendo todo o possível para isolar Maduro e seus cúmplices".
Horas depois, em uma coletiva
sobre a abertura do processo de impeachment, Trump garantiu que a situação da
Venezuela está "sob controle". "Vai ficar tudo bem. Estamos
muito envolvidos. Sabemos bem o que está acontecendo".
- "Todas as opções" -
Julio Borges, chefe da diplomacia
do líder da oposição Juan Guaidó, presente na reunião, insistiu em que
"nenhuma opção deve ser descartada para livrar a Venezuela e a região do
regime corrupto" e disse que no último ano o governo de Maduro "matou
um cidadão a cada duas horas".
"Dizem que manter todas as
opções em aberto é perigoso. Presidente (Trump), as evidências mostram que a
pior coisa que pode acontecer à Venezuela é que nada aconteça. O que é
realmente perigoso, o que é inaceitável, é ter um regime que desestabilize toda
a região e que hoje está matando de fome 35 milhões de pessoas", afirmou
Borges.
Há um ano, na reunião anual
anterior de líderes mundiais da ONU, Trump disse que não descartava uma opção
militar na Venezuela, embora seu governo diga que apoia uma transição pacífica
para a democracia e agora pressione por mais sanções da Europa e da América
Latina contra funcionários do governo venezuelano.
Borges pediu que todos os países
da região também sancionem Cuba. "Está na hora de (Raúl) Castro e (Miguel)
Díaz-Canel entenderem as consequências de apoiar um governo criminoso",
afirmou.
Os presidentes de Cuba e
Venezuela não compareceram este ano à Assembleia Geral. Guaidó enviou uma
delegação com uma agenda cheia à margem do maior encontro diplomático mundial.
O chanceler venezuelano, Jorge
Arreaza, que participa da Assembleia Geral, disse no Twitter que o encontro de
Trump com "mandatários subordinados" foi uma "reunião da
vergonha".
"Há 70 anos a Colômbia tem
sido a principal ameaça à paz regional", disse Arreaza a jornalistas na
ONU. O presidente colombiano, Iván Duque, usa a Venezuela como "uma
cortina de fumaça" para ocultar falhas de seu governo.
- "Ameaça regional" -
Exatamente Duque pediu um
"bloqueio diplomático" contra Maduro e seus aliados.
Em seu discurso à ONU, ele disse
que 16 países da região acreditam que a Venezuela está envolvida em
"tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, terrorismo e seu financiamento,
corrupção e violações de direitos humanos", o que constitui "uma ameaça
regional" que viola a resolução 1373 do Conselho de Segurança da ONU.
Duque disse a Trump que
apresentará ao chefe da ONU, António Guterres, e ao Conselho de Segurança um
relatório detalhando os supostos crimes e que ele espera que seja debatido
dentro dele.
Na segunda-feira, 16 países
latino-americanos ativaram o tratado interamericano de defesa Tiar para agir
coletivamente, a fim de punir altos funcionários do governo Maduro.
- Bolívar "se revirando no
túmulo" -
"A conclusão é que essa
ditadura tem que terminar", sentenciou na reunião o presidente do Chile,
Sebastián Piñera.
"Maduro faz parte do
problema e nunca fará parte da solução", acrescentou, aproveitando para
criticar Cuba, China, Rússia, Irã e Turquia por ajudar a Venezuela contra a
vontade de "toda a comunidade latino-americana e ao redor do mundo".
O presidente equatoriano, Lenín
Moreno, também se manifestou: "A ação internacional não pode ser
interpretada como uma intervenção", porque é feita por "todos os
países unidos".
"Há mais de quatro milhões
de seres humanos fugindo desse regime terrorista despótico, faminto, corrupto e
terrorista", disse ele em referência aos venezuelanos que deixam o país.
A ONU estima que um quarto da
população venezuelana precisa de ajuda humanitária e que cerca de 5.000
venezuelanos saem do país todos os dias.
"A Venezuela é
definitivamente um Estado falido". O libertador "Simón Bolívar deve
estar se revirando em seu túmulo por causa do que foi feito com a democracia
venezuelana", disse Moreno.