A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio de uma
investigação da Delegacia Regional do Crato, com o apoio do Laboratório
de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), da Delegacia de
Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e do Departamento de
Polícia do Interior Sul (DPI Sul), desarticulou um esquema internacional
de agiotagem que tinha como base a cidade do Crato, na região do Cariri
cearense. Na manhã desta terça-feira (3), a PCCE cumpriu 57 mandados –
sendo 31 de busca e apreensão, nove de prisão preventiva e 17 de
sequestro de bens – nas cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte,
pertencentes à Área integrada de Segurança 19 (AIS 19). As investigações
apontam que o grupo é responsável por movimentar mais de R$ 2,5 milhões
na Colômbia em seis meses.
No total, a Polícia Civil prendeu 11 pessoas, das quais nove foram
capturadas por força de mandados de prisão e duas presas em flagrante
pelo crime de agiotagem, previsto na Lei dos Crimes contra a Economia
Popular. Com eles, foram apreendidos 11 veículos, sendo cinco
motocicletas e seis carros, a quantia de R$ 27,5 mil, além de 100
dólares, 102 euros e 1.848.400 pesos colombianos, além de aparelhos
celulares e computadores. A Polícia Civil do Ceará também solicitou ao
Poder Judiciário o sequestro de veículos, imóveis e valores em contas
bancárias dos investigados e de algumas empresas que estão em seus
nomes.
Foram presos por força dos mandados de prisão os colombianos Mario
Andres Nunes Prieto (30), Omar Camargo Lizarazo (55), Jhon Edson
Grajales Buitrago (29) e Darwin Plazas Alvarado (32), além dos
brasileiros Dejesus Moreira Pires (25), Fabrício Duarte Monteiro (23),
Jaqueline Maria da Silva (37), Paulo Aleff Rodrigues de Lima (26) e
Paulo Morais de Lima (50). Na operação foram capturados em flagrante o
colombiano Yilber Arbey (30) e a brasileira – natural do Pará – Renata
Janaína de Souza Batista (31). A dupla foi autuada em um termo
circunstanciado de ocorrência (TCO) pelo crime contra a economia
popular.
A ação realizada hoje teve como objetivo desarticular uma organização
criminosa de engenharia financeira internacional, suspeita da prática
de crimes contra a economia popular (agiotagem), lavagem de dinheiro,
extorsão e ameaça. A organização criminosa é formada por colombianos e
brasileiros que exploravam pessoas em situação economicamente
vulnerável, emprestando dinheiro a juros exorbitantes. Conforme explicou
Giuliano Sena, delegado da delegacia regional do Crato e responsável
pelas investigações, os criminosos emprestavam dinheiro e cobravam juros
de, no mínimo, 20% ao mês, e, por meio de extorsão, faziam a cobrança.
Em alguns casos, eles tomavam bens como pagamento, causando grave lesão à
economia da região do Cariri e de outros estados. “Quando há atraso no
pagamento eram implementados novos juros de 20%, ou seja, juros sobre
juros”, explicou o delegado.
Giuliano explicou ainda como funcionava o esquema criminoso. “Os
valores dos empréstimos variavam entre R$ 100,00 e R$ 3 mil, mas poderia
ser ilimitado. As ofertas feitas por eles pareciam ser tentadoras. Eles
distribuíam cartões com contatos e dizeres ‘empréstimos para
comerciantes’ e com a opção de planos de pagamentos diários. Dessa
forma, eles atraíam os clientes”, disse. O delegado explicou ainda que
toda a movimentação financeira era integrada em um sistema ligado a uma
central na Colômbia. “Todos esses indícios criminosos estão sendo
investigados”, afirmou Giuliano.
As investigações sobre o esquema fraudulento iniciaram há cerca de
quatro meses. Durante as apurações, a Polícia Civil descobriu que os
colombianos investigados não possuem trabalho formal e viviam, na sua
maioria, apenas da agiotagem. Porém, eles estavam criando laços
familiares e empresariais com brasileiros, inclusive abrindo empresas
que serviam para lavar dinheiro. “Pelo que pudemos observar, há uma
transitoriedade grande desses criminosos. A maioria fica entre seis
meses a um ano no Brasil, e ainda passam por várias cidades do mesmo
estado ou de outros cometendo o mesmo tipo de crime e saindo rapidamente
como uma forma de tentar evitar a prisão”.
Investigações
A Polícia Civil mantêm os trabalhos a fim de identificar outros
partícipes da ação criminosa, bem como para solicitar a deportação
sumária dos envolvidos estrangeiros. A população pode contribuir com as
investigações repassando informações que possam auxiliar os trabalhos
policiais. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o
Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS), ou para o (88) 3102-1285, da Delegacia Regional do Crato. O
sigilo e o anonimato são garantidos.
(SSPDS)