Às 10h29 desta terça-feira (22), foi completada uma exata semana do
desabamento do Edifício Andrea, no bairro Dionísio Torres – e,
consequentemente, das nove mortes causadas pela tragédia. Uma das
responsabilidades apuradas é a do engenheiro José Andreson Gonzaga dos
Santos, que, segundo o advogado, Brenno Almeida, definiu o prédio como
uma “bomba-relógio maquiada”.
Andreson é engenheiro responsável pela reforma que começaria no
edifício no dia em que desabou. O profissional depôs à Polícia Civil do
Ceará, ainda no dia 15, e na tarde dessa segunda-feira (21) se
apresentou à comissão do Conselho Regional de Engenharia do Estado
(Crea/CE), a quem descreveu os diálogos que teve com a síndica (Maria
das Graças Rodrigues, nova vítima encontrada sob os escombros) e o que
aconteceu no dia do desmoronamento.
foi o valor acordado em contrato para a reforma do Edifício Andrea
Conforme Brenno, por meio de quem o Sistema Verdes Mares acessou os
detalhes do relato de Andreson, o engenheiro esteve no Andrea junto a um
pedreiro e ao segundo engenheiro, Carlos, por volta das 9h20 do dia 15 –
uma hora antes de a estrutura ruir. “Ele chamou a síndica pra mostrar a
situação dos pilares, que estavam fofos. O emboço não estava mais
aderindo à estrutura e, nesse caso, não precisaria ter cautela de
escoramento. Esse foi o posicionamento do profissional, por isso o
pedreiro fez aquela demonstração (vista nas câmeras)”, relata o
advogado.
Depois disso, Andreson e a equipe saíram do prédio para “comprar
material e reforçar o pedido de escoramento da estrutura já feito a
outra empresa”. “Com 15 minutos, a síndica manda mensagem: ‘Andresson,
vem aqui, que aconteceu algum problema’. Eles retornaram imediatamente e
chamaram ela pra mostrar a real situação. Ali, ele não teve tempo de
gritar ‘pessoal, a estrutura está em colapso’. O prédio gritou, a
estrutura gritou. Ela chegou a fim. Não teria como ter cautela
profissional nenhuma”, sentencia Brenno.
Se tivesse tempo suficiente, ele (Andreson) teria pego na mão da síndica, do pedreiro, e dito ‘vamos evacuar o prédio, porque ele está em colapso’.”, diz advogado
Para Andreson, “a estrutura já estava em colapso antes, devido às
intervenções negligentes dos maquiadores”. Como “maquiadores” Brenno
define profissionais que passaram pelo Andrea em serviços anteriores. “A
defesa acredita que há culpas da Prefeitura de Fortaleza, do Corpo de
Bombeiros, da Defesa Civil, dos moradores, que só agora que estão
querendo culpar um engenheiro profissional que pegou uma bomba-relógio
maquiada. Tudo isso será apurado”, conclui o advogado.
Os próximos passos, conforme Brenno, incluem a listagem de quais
testemunhas serão chamadas pela defesa para depor no processo judicial.
Enquanto isso, o próprio Andreson não deve ter contato com direto com a
imprensa.
“Ele está numa situação indescritível. Acha que está melhorando, mas
aí vem a imagem do prédio caindo por cima, vêm as consequências do
colapso… Quem é que quer receber um prédio para fazer uma reestruturação
e deixar na situação que deixou? Nenhum profissional tem essa intenção,
a não ser que seja suicida. Porque ele estava lá embaixo no momento do
colapso. Ele não colocou uma bomba-relógio e foi embora.”
(Diário do Nordeste)