O atraso no funcionamento dos bondinhos de
Ubajara, na Serra da Ibiapaba, e de Barbalha, no Cariri cearense, traz
impacto para o setor turístico regional e frustra as expectativas locais
de toda a cadeia econômica que se relaciona com os dois equipamentos
públicos.
Na Serra da Ibiapaba, o bondinho está sem funcionar desde 2015. Até
então, o equipamento era um dos principais cartões-postais, responsável
por atrair 150 mil visitantes anuais. Diante de tão robusto número, o
Município vive a expectativa da reinauguração. Pelo menos quatro
previsões já foram divulgadas pelo Governo do Estado entre os anos de
2018 e 2019.
O anúncio mais recente previa o funcionamento para dezembro passado.
Agora, o novo prazo, segundo a Superintendência de Obras Públicas (SOP),
é para o próximo mês de fevereiro. O órgão, entretanto, não informou o
porquê dos prazos anteriores não terem sido cumpridos.
De acordo com a SOP, a obra do teleférico de Ubajara, orçada em R$
9,8 milhões, está com 90% dos serviços realizados. Já com relação ao
bondinho de Barbalha, a SOP limitou-se a informar apenas que "as obras
encontram-se em fase de conclusão", mas não estimou um novo prazo para
início da operação.
Sucessivos atrasos
O projeto do teleférico de Barbalha é de 2012, mas só teve as obras
iniciadas quatro anos mais tarde. Com investimento de R$ 14 milhões, o
equipamento já teve três prazos de conclusão - o último estimava o
início da operação para setembro de 2019. Nenhum deles foi cumprido.
Assim como em Ubajara, o teleférico da cidade caririense deve
impulsionar o turismo regional. O empresário João Santil de Sousa possui
um restaurante no distrito do Caldas, onde o bondinho está sendo
instalado, há mais de 20 anos. Em 2019, visando o início das atividades
do equipamento, abriu uma pousada na mesma região. No entanto, o
investimento, até agora, não trouxe retorno. "É uma obra que estamos
aguardando e nos preparamos para isso", ressalta, ao lamentar os
sucessivos atrasos. Os preparativos dos empresários não restringiram-se
aos recursos financeiros. João Santil e outros 11 empreendedores
receberam consultorias do Senac e Sebrae como preparação para melhorar a
recepção dos visitantes.
"Fizemos cursos de cozinha, como arrumar o apartamento, preparar os
pratos", completa. Os sucessivos adiamentos trazem desconfiança em ambos
os municípios. Em Ubajara, o secretário de Turismo, Gláuber Lira,
ressalta que "está difícil (de acontecer a inauguração). Não foi
possível para dezembro passado e agora estão prevendo para fevereiro. É
mais um prazo, vamos esperar".
Visitantes
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Ubajara,
Elisvaldo Bezerra, reforçou que "o teleférico atrai mais visitantes e
impacta na economia local, na geração de emprego, renda, no varejo,
prestação de serviço e em todos os setores, como hotéis, restaurantes e
artesanato".
O órgão estima que, após o fechamento para reforma, em 2014, a cidade
teve queda anual de "20% a 30% no fluxo de visitantes". Para o gestor
do Parque Nacional de Ubajara, Gilson Mota, a queda é ainda maior.
Segundo observa, com o retorno da operação do bondinho, o Parque terá
incremento de quase 50% no número de visitantes. "A nossa expectativa é
muito grande", pontuou. Ele garante que, ao longo dos anos em que o
equipamento esteve parado, a região se estruturou melhor para atender o
alto volume de turistas. "Hoje, oferecemos mais opções de passeio e
lazer, além da capacitação no acolhimento por parte dos guias que
receberam treinamento", exemplifica Mota.
Alternativas
Diante da lentidão da obra, a direção do Parque Nacional explica que
estudou alternativas para minimizar os impactos no setor turístico.
No ano passado, as trilhas com acesso às cavernas e cachoeiras foram
abertas, passando a contar, também, com opções para cadeirantes, pessoas
com deficiência visual e ciclistas. Segundo os gestores, são ações
úteis, mas que não suprem a lacuna deixava com a paralisação do
bondinho.
(Diário do Nordeste)