Com vistas à garantia do direto do acesso de crianças e adolescentes
das localidades do Sítio Itaperacema e Suminário – na zona rural de
Ubajara – à educação pública, o Ministério Público do Ceará (MPCE)
ingressou com uma ação civil pública com pedido de tutela de urgência
nessa quinta-feira (09/01) para que o Município cancele o fechamento de
duas escolas municipais: Joaninha Perdigão e Itaperacema.
A Promotoria de Justiça de Ubajara foi procurada por mães que se
sentiram prejudicadas após terem sido comunicadas pela Secretária
Municipal de Educação do fechamento das escolas, que possuem turmas do
Fundamental I e II, em virtude de “corte de gastos”. As crianças
realocadas têm a idade entre 5 e 15 anos e foram para novas escolas,
distantes de onde residem, em transporte cedido pela Prefeitura.
Porém, segundo relato dos familiares, muitos alunos desistiram de
estudar pela distância e por problemas de adaptação às novas escolas,
havendo inclusive casos de depressão. Outros pais citaram agressão
contra os filhos pequenos por crianças “maiores” dentro dos ônibus
escolares, que, inclusive, “estão em péssimas condições para transportar
as crianças: sem cinto de segurança, veículo quebrando durante o
trajeto e motoristas em alta velocidade”, consta na ação.
Segundo o promotor de Justiça Maxwell de França Barros, as famílias
têm ainda a suspeita de que a secretária municipal deseja mudar as
crianças de escola, para benefício de seus parentes, em clara afronta ao
princípio da impessoalidade.
“O fechamento de uma escola rural e o remanejamento para outras
localidades distantes, sem a correta avaliação de seus impactos,
contribui para a evasão escolar e aumento da vulnerabilidade social de
seus habitantes, que se veem cada vez mais a margem dos direitos e
garantias fundamentais. Ademais, a mudança eivada de ilegalidade somente
veio à tona nas vésperas do retorno dos alunos das férias, denotando
falta de adequado planejamento e respeito aos alunos e seus familiares,
caracterizando surpresa e incerteza em relação ao futuro escolar dos
discentes da comunidade”, argumenta o representante do MPCE em Ubajara.
Portanto, pelo receio de dano irreparável ou de difícil reparação e
para que seja observado o direito à educação, o MPCE solicitou tutela de
urgência para que as escolas municipais Joaninha Perdigão e Itaperacema
permaneçam abertas. Foi requerido ainda fixação de multa de dez mil
reais por dia de descumprimento da liminar, tendo-se como obrigados
solidários o gestor municipal, pessoalmente, e Município de Ubajara.
(MP-CE)