Militar brasileiro embarcou com 39 quilos da droga e segue detido na Espanha.
A Justiça Militar da União decidiu, nesta quinta-feira (9), transformar em réu, por tráfico internacional de drogas, o militar brasileiro detido com 39 quilos de cocaína em Sevilha, na Espanha, em junho do ano passado. Desde então, ele está preso preventivamente no país europeu, a pedido da Justiça espanhola.
O sargento Manoel da Silva Rodrigues, de
38 anos, embarcou com os entorpecentes em um voo oficial da Força Aérea
Brasileira (FAB) e foi flagrado pelo raio-x do aeroporto durante escala
na Europa. A comitiva do presidente Jair Bolsonaro faria o mesmo
percurso dias depois rumo a Osaka, no Japão, para participar da reunião
do G20.
A denúncia foi recebida pelo juiz
federal da Justiça Militar, Frederico Magno de Melo Veras, que marcou o
início das audiências do caso para o próximo dia 21 de maio. O crime não
está previsto no Código Penal Militar mas, segundo a Justiça, pode ser
enquadrado como um “crime militar por extensão”.
Como o réu está preso no exterior, sua
citação envolve um pedido de cooperação jurídica internacional,
intermediado pelo Ministério da Justiça e o magistrado considerou que
não era necessário avaliar a aplicação de medidas cautelares restritivas
de liberdade no Brasil.
Além do processo na Justiça brasileira,
Silva Rodrigues é acusado pelo episódio também pela promotoria da
Espanha. O órgão pediu que o militar brasileiro cumpra oito anos de
prisão e pague multa de 4 milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões).
Para o promotor espanhol, os fatos
constituem crime contra a saúde pública, com a agravante da “notória
importância da substância confiscada”. Os investigadores consideraram
que o militar era uma “mula” e que iria se encontrar no hotel com uma
pessoa que se encarregaria da droga. A cocaína estava em 37 pacotes de
um pouco mais de 1 quilo enrolados em fita bege e amarela.
Segundo dados do Escritório da ONU para
Drogas e Crime, 1 quilo de cocaína na Espanha, no atacado, custava cerca
de 38.600 mil dólares (R$ 148 mil), o que faria com que o valor do
total apreendido fosse de aproximadamente 1,4 milhão de dólares (R$ 6,3
milhões).
Segundo inquérito da Aeronáutica, o
sargento só precisou passar a bagagem pelo raio-x em Sevilha. Na Base
Aérea de Brasília, houve apenas pesagem das malas, mas nem por este
procedimento Silva Rodrigues teria passado, já que teria embarcado junto
com as comissárias, mesmo que estivesse na condição de passageiro.
Na Espanha, o raio-x detectou presença
de material orgânico na bagagem do sargento. Mas, questionado, ele
afirmou que levava queijo a uma prima que morava na Espanha.
Quando as autoridades espanholas
perceberam a presença de cocaína, Silva Rodrigues ficou em choque e não
disse mais nada. À Justiça, o militar afirmou que não sabia que havia
cocaína na bagagem.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do sargento.
Fonte: Folhapress