Com o início da quadra chuvosa (fevereiro a maio), aumenta a preocupação com a infraestrutura dos reservatórios cearenses, principalmente os de pequeno e médio portes. No último sábado (1º), a parede auxiliar do Açude Granjeiro, em Ubajara, não suportou a pressão ocasionada pelas chuvas e cedeu. Nesta semana, técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) vão realizar vistoria no açude para formular o parecer sobre a situação.
As atividades devem seguir até sexta-feira (7). Em nota, o órgão
informou que "a visita já estava prevista desde o final do ano passado",
porém, dado o "rompimento do dique provisório na obra em curso", os
técnicos também irão avaliar, junto com equipe de engenheiros, os
impactos do evento. "Ações foram tomadas visando à segurança das pessoas
e dos bens nas áreas abaixo do barramento, que incluíram a realização
de obras civis", finaliza a nota.
O técnico da Defesa Civil Estadual, Wilson Maranhão, ressalta que "não
há risco de rompimento" e que a situação está controlada. "Temos a
preocupação de tranquilizar a população. O que se rompeu foi a
ensecadeira (solução provisória usada para manter em seco uma construção
abaixo do nível da água), que retinha o volume de água enquanto era
feito o trabalho de prospecção e ingestão de cimento na barragem".
Segundo o representante, o incidente não traz prejuízo à estrutura da
barragem, mas é preciso realizar ações de controle. "Em toda barragem
existe o risco. Cabe às entidades responsáveis monitorar", argumenta,
ressaltando que "houve evolução" nos trabalhos após 250 famílias que
viviam no entorno serem realocadas, ainda em 2019. "O trabalho está
sendo feito paulatinamente para que se conclua possivelmente após o
período chuvoso", finaliza Maranhão.
Região Norte
Na quadra chuvosa de 2019, além do Granjeiro, em Ubajara, outros três
açudes da região Norte exigiram ações emergenciais - O Pilões, entre
Morrinhos e Santana do Acaraú; o Lima Brandão, em Granja; e o Açude
Geraldo Ibiapina, em Mucambo. Mesmo diante do quadro, apenas este último
passou por serviço completo de engenharia de reestruturação.
A Prefeitura de Mucambo firmou convênio com o Ministério do
Desenvolvimento Rural (MDR) e reconstruiu a parede rompida do açude
público. Além disso, foi construído um segundo sangradouro para escoar a
água. "A obra já foi inaugurada e a barragem está segura", garante
Rogério de Souza Santana, titular da Coordenadoria Municipal de Defesa
Civil da cidade. As obras são importantes, principalmente porque a
região deve receber chuvas consideráveis, segundo previsão da Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Em abril do ano passado, o Açude dos Pilões (particular), no limite
entre os municípios de Morrinhos e Santana do Acaraú, apresentou
processo erosivo e vegetação que obstruiu o sangradouro, gerando
preocupação. O equipamento é alvo de impasse entre as duas gestões
municipais, o Governo estadual e o proprietário, que alega falta de
condições financeiras para realizar obras de manutenção.
Em resposta ao Ministério Público Estadual, a Defesa Civil do Estado
formulou um relatório sobre as condições do açude. "No período crítico,
alargamos a parede, mas a obra deveria ter continuado", observou Wilson
Maranhão.
Em janeiro deste ano, o secretário de Infraestrutura de Morrinhos,
Adriano Correia, mostrou preocupação. "Não podemos negligenciar, há
vidas, já pedi intermediação do Governo", ressalta. "Não podemos fazer a
obra sozinhos porque a parede pertence a dois municípios". Correia
lembrou que tentou ação conjunta entre as duas cidades, sem sucesso.
"Por sua vez, o proprietário alega que não pode fazer nada", finaliza o
gestor.
Granja
Apesar de não apresentar risco estrutural, a Barragem pública Lima
Brandão, no Rio Acaraú, em Granja, ameaça a segurança de moradores. Em
abril do ano passado, pelo menos 50 famílias tiveram que deixar suas
casas por conta do aumento do nível da água - os bairros Barrocão e
Lagoa Grande foram os mais afetados. A situação voltou a ficar
preocupante em janeiro deste ano, quando a barragem transbordou depois
de chuvas intensas.
"A solução é a construção de um dique de contenção na margem do rio",
explicou o coordenador da Comdec de Granja, Francisco Gonzaga de Aquino.
"O projeto está pronto e está em processo de licitação". A obra está
orçada em R$3,5 milhões. A previsão para o início das atividades é
agosto, com conclusão prevista para 2021. "O dique vai acabar de vez com
esse problema", afirmou Francisco Gonzaga.
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