Em mais um dia marcado por forte volatilidade no mercado financeiro, o
dólar subiu e voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do
real. O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (7) vendido a R$
4,321, com alta de R$ 0,035 (0,82%).
A divisa operou em alta durante toda a sessão, mas estava perto da
estabilidade pela manhã, passando a disparar perto das 12h. O dólar
acumula alta de 7,67% em 2020. O euro comercial também subiu e fechou o
dia em R$ 4,729, alta de 0,53%.
O Banco Central (BC) não tomou novas medidas para segurar a cotação.
Hoje, a autoridade monetária leiloou US$ 650 milhões para rolar
(renovar) contratos de swap cambial – que equivalem à venda de dólares
no mercado futuro – com vencimento em abril. Ontem (6), o dólar
comercial tinha atingido outro recorde nominal, fechando a R$ 4,286.
A turbulência repetiu-se no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3
(antiga Bolsa de Valores de São Paulo), fechou o dia com queda de 1,23%,
aos 113.770 pontos. Esse foi o segundo dia seguido de recuo do
indicador, que acumula retração de 1,62% em 2020.
O dólar subiu em nível global, principalmente diante das moedas de
países emergentes, depois da divulgação da geração de emprego em janeiro
nos Estados Unidos. No mês passado, a maior economia do planeta criou
225 mil vagas de trabalho, número superior à previsão de 158 mil novos
postos.
O bom desempenho do mercado de trabalho norte-americano abre espaço para
eventuais aumentos de juros pelo Federal Reserve (FED), banco central
dos Estados Unidos. Taxas mais altas em economias avançadas estimulam a
fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil.
Na China, o receio de que o surto de coronavírus traga impactos para a
segunda maior economia do planeta continuou a afetar o mercado
financeiro. O confinamento dos habitantes de diversas cidades afetadas
pela doença reduz a produção e o consumo da China.
A expectativa de desaceleração da economia chinesa impacta diretamente
países como o Brasil, que exporta diversos produtos, principalmente
commodities (bens primários com cotação internacional) para o país
asiático. Com menos exportações, menos dólares entram no país,
pressionando a cotação.
Entre os fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar,
está a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor
nível da história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais
estrangeiros no Brasil, também puxando a cotação para cima.
UOL