O governo do Ceará afastou por
120 dias 167 policiais militares que estão sendo investigados por participação
no protesto por reajuste salarial que paralisou parte das operações dos PMs no
Estado. Eles terão que devolver distintivo, armas, algemas e qualquer
dispositivo que identifique a unidade a que pertencem, além de serem retirados
pelo período da folha salarial.Desde a noite de terça-feira (18), ao menos dez
batalhões da Polícia Militar foram tomados em todo o estado por policiais que
não concordam com o que foi oferecido pelo governo de reajuste salarial.
Viaturas e motos tiveram os pneus
rasgados ou esvaziados e o governo do Ceará precisou pedir auxílio federal, que
enviou homens da Força Nacional e do Exército para ajudarem no patrulhamento de
Fortaleza e região metropolitana, principalmente.Desde a madrugada de quarta
(19), 88 homicídios ocorreram em todo o Ceará, segundo dados da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa Social. Somente nesta sexta-feira (21) foram 37
mortes violentas –na quarta foram 29 e na quinta, outras 22.
O mês todo de janeiro teve 261
homicídios, uma média de pouco mais de oito por dia. Em fevereiro de 2019 foram
164 homicídios, o mês todo, uma média de menos de seis por dia.Um inquérito
militar foi aberto contra os investigados, que podem até ser presos por
participarem do motim –a Constituição proíbe que policiais militares façam
greve.
Na segunda-feira (17), a Justiça
do Ceará havia determinado que nem manifestações poderiam ser feitas. Na terça,
o governo enviou à Assembleia Legislativa projeto de lei com o aumento da
remuneração dos soldados da PM e Bombeiros de R$ 3.400 para R$ 4.500, parcelado
em três vezes (pagamentos em março de 2020, março de 2021 e março de 2022).
Parte dos profissionais não concordou e na mesma noite começaram as
paralisações.O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou que está fora
de cogitação anistiar os profissionais que forem identificados participando do
motim.
Na quarta, os protestos chegaram
ao cenário nacional depois que o senador licenciado Cid Gomes (PDT) levou dois
tiros ao tentar invadir dirigindo uma retroescavadeira o quartel tomado em
Sobral (270 km de Fortaleza), sua base eleitoral. Ele continua internado, mas
não corre risco de morte.
Folhapress