Um grupo de
homens encapuzados em carros da Polícia Militar ordenou que comerciantes
do Centro de Sobral, no Ceará, baixassem as portas na tarde desta
quarta-feira (19). Cerca de 15 minutos depois, com intervenção da
Polícia Civil e Guarda Municipal, alguns comerciantes voltaram a abrir
os portões. Em outras lojas, as portas estão parcialmente fechadas.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o caso faz parte de um motim de grupos de policiais militares. A categoria reivindica aumento salarial, cuja proposta tramita na Assembleia Legislativa do Ceará. Uma decisão da Justiça determinou a ilegalidade de atos grevistas da categoria.
Comerciantes do entorno do Mercado Central de Sobral que não quiseram
se identificar informaram que homens encapuzados em quatro veículos da
polícia ordenaram que as portas fossem fechadas, o que foi acatado por
parte dos empresários. Ainda conforme as testemunhas, alguns deles
fecharam as portas temendo se tratar de um arrastão.
Policiais organizam desde a tarde de terça-feira (18) motins em cidades do Ceará, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública. Pelo menos quatro batalhões da Polícia Militar foram invadidos e tiveram veículos retirados do local e pneus esvaziados.
- 12º Batalhão de Caucaia, Região Metropolitana: na tarde de terça, homens esvaziaram os pneus de veículos da PM. No local, estavam agentes de segurança de plantão, além de mulheres e familiares de policiais.
- 17º Batalhão, Bairro Conjunto Ceará: na madrugada de quarta, cerca de 20 pessoas mascaradas invadiu o pátio do batalhão e usou facas para rasgar pneus de veículos da polícia na manhã desta quarta.
- 22º Batalhão, Bairro Papicu, em Fortaleza: ainda na madrugada de quarta, dez veículos foram levados da corporação policiais por um grupo de cerca de 30 pessoas.
- 18º Batalhão, Bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza: na manhã desta quarta, viaturas oficiais tiveram pneus furados por pessoas encapuzadas.
Em cinco cidades do interior – Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha,
Iguatu e Sobral –, batalhões amanheceram fechados nesta quarta.
"Parte [dos autores dos atos grevistas] já foi identificada e estamos
trabalhando para identificar todos. Tem pessoas também se identificando
como esposas de policiais e elas vão responder também por crimes,
ninguém ficará de fora. Tem mulheres colocando até mesmo crianças na
porta de um quartel. Elas [mulheres de PMs] podem responder a crimes de
revolta e todas serão investigadas e, inclusive, por atos de
vandalismo", afirmou o secretário da Segurança Pública do Ceará, André
Costa.
"Nós temos grupos que estão realmente paralisados, não estão
trabalhando. Esses grupos de policiais que nós estamos apurando e que
todos responderão pelos crimes militares. Vão responder por motins, por
revolta, insubordinação", completou o secretário.
A proposta de reestruturação salarial tramita na Assembleia Legislativa
do Ceará. O projeto do Governo do Estado propõe que salário-base de um
soldado será de R$ 4,5 mil, com aumento progressivo até 2022. O salário
atual da categoria é de R$ 3,2 mil. A proposta inicial, rejeitada pelos
policiais, era aumento para R$ 4,2 mil até 2022.
(G1/CE)



