Para conter o novo coronavírus,
o Departamento Municipal de Trânsito de Farias Brito (Demutran), no
Cariri cearense, informou que, a partir de amanhã (18), o uso de
capacete pelos passageiros do serviço de mototáxi é opcional. A medida,
no entanto, fere o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é considera
infração ‘gravíssima’, implica em sete pontos na carteira de
habilitação, multa de R$ 293,47 e suspensão do direito de dirigir.
Segundo o Demutran, a decisão será válida por 15 dias para as vias em
que o órgão atua. Em nota, ressalta que “é extremamente importante que o
profissional de serviço de Mototaxista, caso venha a conduzir um
passageiro sem o capacete, tenha uma maior atenção e que a velocidade da
motocicleta seja a mínima possível”, reforça.
O diretor do departamento, Francisco César Gonçalves, conta que a
decisão foi tomada em conjunta com o prefeito Zé Maria Gomes, tendo em
vista que não existe uma forma de higienizar o capacete. “É usado por
diversas pessoas”, admite. Atualmente, 40 profissionais estão
cadastrados e 30 estão com serviço ativo em Farias Brito. “A frota é
toda cadastrada, uniformizada e com veículos registrados. A medida é
opcional e cabe ao passageiro decidir”, completa.
Já o prefeito Zé Maria Gomes reforçou a dificuldade de higienizar o
capacete. “Ele ocupa as principais portas de entrada do vírus: olhos,
boca e nariz”, reforça. Além disso, o gestor ponderou que o índice de
acidente com motocicletas no município “é praticamente zero”. Farias
Brito possui cerca de 19 mil habitantes e uma frota 4.597 veículos. “Se
fosse em Fortaleza, não tomava (esta medida). O trânsito de lá não é o
mesmo de Farias Brito. Nem o de Juazeiro é o mesmo daqui”, reforçou.
A cidade não conta com ônibus circulando. Além dos mototaxistas, o
principal meio de transporte são as vans, as populares topiques, que
chegam de Crato e Juazeiro do Norte. “Ou tomava essa decisão ou
interrompia o serviço. Vai contra a legislação nacional, mas em certo
momento tem que tomar decisões. Quantas pessoas ficariam desempregas?”,
justificou o prefeito.
De acordo com o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC),
Mário Azevedo, doutor em Engenharia de Transportes, o mais adequado
seria parar o serviço, contudo, pondera que esta deve ser a principal
forma da população se deslocar. “É complicado porque é a renda. O ideal
era dar algum suporte para quem tem a renda interrompida. Essas pessoas
que ganham dinheiro conforme produzem, não tem salário. É difícil”,
admite. Assim, o especialista não condena a decisão da gestão municipal
por considerar ser uma “situação extrema”. “Mas continua sendo
perigoso”, adverte.
Além dos mototaxistas, o prefeito se reuniu com motoristas de
transporte alternativo que fazem linha diariamente até Crato e Juazeiro
do Norte. No encontro, ficou decidido que os veículos deverão ser
higienizados duas vezes por dia, ser conduzidos com as janelas abertas
e, antes da viagem, os passageiros serão interrogados sobre suas
condições de saúde. Caso esteja apresentando sintomas de Covid-19, o
piloto deve oferecer lenço de papel para proteger a boca e o nariz.
(Diário do Nordeste)