Com uma recarga de aproximadamente 300 milhões de metros cúbicos de água, a Bacia dos Sertões de Crateús
registrou até agora, em termos percentuais, a maior recuperação hídrica
do Ceará neste ano. Após quase uma década de seca severa, três dos 10
reservatórios que compõem a Bacia estão sangrando e a maioria recebeu
aporte importante para garantia hídrica das cidades abastecidas. Com
essa melhoria, possibilitada pelos bons volumes pluviométricos dos meses
iniciais de 2020, mais de 250 mil cearenses, que vivem em nove
municípios atendidos pela Bacia, foram beneficiados.
A Bacia iniciou o ano com acúmulo de apenas 5,4%, volume que saltou
para 44,46% até ontem (18), conforme dados da Cogerh. O último ano com
boas chuvas na região havia sido 2009.
Apesar disso, o representante adverte que a situação precisa ser
analisada com cautela e a longo prazo. "Temos que observar que vivemos
em uma região semiárida, e que um dos aspectos mais relevantes nesse
contexto é justamente a má distribuição da chuva no tempo e no espaço",
aponta. Exemplo disso é o Açude Barra Velha, em
Independência, que segue com volume morto, com menos de 1% da
capacidade. Hoje, o Município depende da transferência de água dos
reservatórios Cupim e Jaburu II, também na Bacia dos Sertões de Crateús.
Aporte
Os reservatórios Barragem do Batalhão e Carnaubal, ambos localizados no município de Crateús, e o reservatório Sucesso, em Tamboril,
excederam sua capacidade e permanecem sangrando desde março. Além
deles, o Colina, em Quiterianópolis, também está sangrando, conforme
dados da Cogerh. No início do ano, os quatro reservatórios estavam com
volume em 30,20%, 4,39%, 54,24% e 44,23%, respectivamente. O bom aporte
destes quatro açudes beneficia diretamente mais 118 mil habitantes das
cidades acima mencionadas.
Cenário semelhante
A Bacia do Banabuiú, também localizada na Mesorregião do Sertão Central,
que historicamente recebe as menores precipitações do Estado,
igualmente acumulou recarga importante neste ano. "Iniciamos 2020 com
155 milhões de metros cúbicos e tivemos um aporte de pouco mais de 96
milhões, o que é muito significativo", ressalta Paulo Ferreira, gerente
regional da Cogerh em Quixeramobim. "Isso se deu em várias regiões da
bacia, o que possibilitou que açudes que estavam com volume morto ou
completamente secos desde 2015 voltassem a ter recargas".
Neste cenário, o gerente destaca quatro reservatórios. "O Vieirão,
que abastece Boa Viagem, estava seco no início do ano e teve aporte de
2,870 milhões de metros cúbicos. Outro que estava completamente seco era
o Serafim Dias, que abastece Mombaça, hoje, próximo a 1 milhão/m³.
Também o Pedras Brancas, que abastece Quixadá e Quixeramobim, que estava
com 35 mi e agora conta com 45 mi", detalha.
Mesmo diante das boas recargas, Bruno Rebouças diz que ainda não é
momento para deliberar o uso da água para agricultura. Ele cita,
novamente, o histórico de baixos volumes na região e explica que é
preciso chegar ao fim da quadra chuvosa para decidir sobre a utilização
do líquido.
O objetivo destes encontros semanais é preservar e otimizar a água nos açudes do Ceará.
(Diário do Nordeste)