Apesar da aproximação do governo com líderes do Centrão para tentar se
"blindar", partidos da oposição e de centro aumentaram nos últimos dias a
ofensiva contra o presidente Jair Bolsonaro no Congresso. Ao menos sete
pedidos de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) estão na fila
para serem abertos e os requerimentos de impeachment se acumulam na mesa
do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nesta quinta-feira, 21,
mais um foi apresentado, totalizando 32 – o que o torna recordista de
pedidos em 17 meses de governo, como mostrou o Estadão.
Um dos pedidos de CPI mais avançados é o encabeçado pelo Cidadania, que
tem como foco a investigar as acusações, feitas pelo ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro, de que Bolsonaro tentou interferir na Polícia
Federal para proteger aliados. “Aqui no Senado já temos quase todas as
assinaturas necessárias”, afirma a senadora Eliziane Gama
(Cidadania-MA), sem, no entanto, revelar quantos faltam. Para ser
criada, é preciso o apoio de 27 parlamentares.
Nos bastidores, a expectativa é que a abertura de uma comissão sobre as
acusações de Moro tem potencial para ser tão ou mais explosiva do que a
CPI dos Correios, que em 2005 apurou denúncias relacionadas ao processo
do mensalão, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Por esse motivo, o
governo tem atuado para conter o avanço das assinaturas e evitar que
uma investigação neste momento pode se tornar uma "CPI do fim do mundo",
fragilizando ainda mais o presidente.
Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas no
ano passado, Bolsonaro passou a distribuir cargos aos partidos do
Centrão em troca de apoio no Congresso, ressuscitando a velha prática do
"toma lá, dá cá". Até agora, Progressistas, Republicanos e PL já foram
contemplados.
Estadão Conteúdo