Criado pelo Governo Federal para minimizar os efeitos da crise do novo coronavírus
e ajudar na manutenção de empregos, o Programa Emergencial de Suporte a
Empregos (Pese) disponibiliza linha de financiamento para bancar a
folha de pagamento de pequenas e médias empresas. Ao todo, são R$ 40
bilhões que devem garantir os salários de funcionários por dois meses no
Brasil. Apesar da iniciativa, o acesso ao crédito não tem sido fácil
para os cearenses e a ferramenta é apontada como frágil e paliativa.
Até o último dia 13 de maio - dados disponíveis mais recentes -, 940
empresas no Ceará já tinham recebido R$ 25 milhões em recursos,
beneficiando 20,9 mil trabalhadores, segundo indica o monitoramento
realizado pelo Banco Central (BC).
Os números são repassados por Bancoob, Banco do Brasil, Bradesco,
Caixa Econômica, Itaú, Santander, Sicredi, Sistema Ailos ao BC.
Dentre os setores da atividade econômica mapeados pelo no Ceará, o de
serviços é o que mais tem utilizado o financiamento disponível para
folha de pagamento, com 246 empresas, seguido de saúde, saneamento e
educação (143), mídia e lazer (128), construção, madeira e móveis (104) e
têxtil e couros (60).
Entraves nos Serviços
Apesar das estatísticas apontarem os serviços como de maior tomada de
crédito no Estado, o segmento de alimentação fora de casa relata
dificuldades e entraves no acesso ao financiamento. O diretor executivo
da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará,
Taiene Righetto, aponta que os poucos a procurar o recurso revelaram
requisitos rígidos para a tomada do crédito, como adimplência e
garantias.
"São grandes exigências num momento em que o empresário está
fragilizado, com dívidas para pagar, com fornecedores cobrando e até
protestando o nome de estabelecimentos que estão fechados", ressalta.
Demonstrando que o recurso não tem chegado às empresas, Righetto
lembra que apenas o segmento de bares e restaurantes no Ceará soma 20
mil empresas, enquanto apenas 246 foram beneficiadas em todo o setor de
serviços. "Mostra que o acesso a esse crédito não é algo tão simples e
que realmente não veio a beneficiar tanto assim", afirma.
Confirmando os gargalos enfrentados, o presidente do Sindicato de
Restaurantes, Bares, Barracas de praia, Buffets e similares do Estado de
Ceará (Sindirest-CE), Dorivam Rocha, estima que menos de 5% de todo o
setor no Brasil conseguiu acessar o financiamento.
"Mesmo assim, os prazos são curtos, a carência é pequena, isso torna
um crédito de risco. O Pese não foi suficiente para que nossas empresas
do setor de alimentação fora do lar conseguissem acesso ao crédito para
enfrentar esse momento de pandemia", ressalta Rocha.
(Diário do Nordeste)