Apesar das incisivas críticas ao governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido), o senador Cid Gomes (PDT)
disse ser "pessoalmente" contra o impeachment do presidente neste
momento. A declaração foi dada em entrevista ao site UOL na tarde desta
segunda-feira (15). Segundo ele, a democracia brasileira tem que "pagar
um preço" de Bolsonaro a frente da presidência, a menos que fatos mais graves sejam comprovados contra o presidente. A opinião do senador cearense destoa da defesa do seu partido, o PDT.
Como exemplo, ele citou a investigação contra Bolsonaro no Tribunal
Internacional de Haia que, entre outros crimes, julga responsáveis por
genocídios. "Como regra, sou contra. Tem coisas que encostam nele e
começam a justificar, mas, pelo exotismo dele, acho que temos que pagar
um preço. Salvo que haja algo mais grave", afirmou.
A sigla do senador foi uma das que entrou com pedido de impeachment
contra o presidente no Congresso Nacional. Por enquanto, o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) não iniciou a tramitação de
nenhum dos pedidos que chegaram à Casa, o que o parlamentar relaciona a
"ponderação" exigida pelo cargo.
Apesar de ser contra o impeachment, o senador teceu críticas a
diversas áreas do governo Bolsonaro. Sobre as contantes crises
enfrentadas pelo presidente, inclusive em meio a pandemia causada pelo
novo coronavírus, Cid Gomes afirmou que Bolsonaro "governa com a
manchete do dia" e "de improviso".
"Ele é um despreparado, mas é um despreparado que quer mandar",
criticou. Para o ex-governador, "tendência do governo Bolsonaro é se
desmoralizar a cada dia e o responsável por isso é ele mesmo". Esta
desmoralização deve vir acompanhada de uma queda de popularidade do
presidente, o que pode agravar as difíceis relações entre mantidas pelo
Executivo com o Judiciário e com o Congresso.
Por conta disso, e das recentes ações do presidente - como incitar
apoiadores a entrar em hospitais de campanhas na cidade para filmar
supostos leitos vazios - ele aponta que tanto Judiciário como Congresso
"tem que fazer medidas de contenção de danos, mesmo que simbólicas
porque vai expondo (o governo)".
Oposição
O senador Cid Gomes também comentou as frequentes críticas feitas
pelo irmão, Ciro Gomes, ao PT. Segundo ele, estas atitudes buscam
"mostrar a diferença dele para o PT, ou para o que o Lula significou". "
O Ciro para se consolidar como alternativa para o futuro do Brasil, ele
tem que se diferenciar do Bolsonaro, mas também do PT", ressaltou.
O parlamentar aproveitou para criticar o comando nacional do Partido
dos Trabalhadores que "se corrompeu" e acabou se tornando "aparelhista".
Contudo, Cid Gomes diz que é importante diferenciar e que existem
alianças entre o PDT e o PT, citando inclusive o Governo do Ceará, onde o
partido faz parte do arco de aliança do governador Camilo Santana (PT).
Diário do Nordeste