Após afirmar na noite de terça-feira que tomará "medidas legais" para
proteger a Constituição, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer
nesta quarta-feira, 17, que considera ter havido "abusos" na ordem do
Supremo Tribunal Federal (STF) para quebrar o sigilo bancário de dez
deputados e um senador aliados ao seu governo. Em conversa com
apoiadores no Palácio da Alvorada, pela manhã, ele afirmou que está
"fazendo o que deve ser feito" e "não será o primeiro a chutar o pau da
barraca". Em seguida, acrescentou que em breve tudo será colocado "no
seu devido lugar". Uma das apoiadoras se queixou ao presidente dizendo
que corre risco de ser presa.
"Tem gente que nasceu 40 anos depois do que eu vivi e quer dizer como eu
devo governar o Brasil. Estou fazendo exatamente o que tem que ser
feito. Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão
abusando, isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, quebrar
sigilo de parlamentar, não tem história vista numa democracia por mais
frágil que seja. Está chegando a hora de colocar tudo em seu devido
lugar", disse o mandatário na saída do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro destacou que todos, sem exceção, devem entender o que é
democracia, e que isso não é apenas "o que um poder quer". "Não devo
nada a ninguém do que estou fazendo. Está chegado a hora de acertarmos o
Brasil no rumo da prosperidade e todos entenderem o que é democracia.
Democracia não é o que eu quero, nem você, nem o que um poder quer, o
que outro poder quer. Está chegando a hora, fique tranquila", declarou.
O presidente conversou com uma apoiadora que afirmou ser uma ativista
conservadora e que ela estava correndo risco de ser presa. "Eles já
estão com mandado (de prisão). Três amigos nossos foram presos ontem sem
fazer nada, não temos um estilingue para se defender. Não pedimos
intervenção", contou a mulher ao presidente.
Na sequência, Bolsonaro falou que estilingue é ação, o que seria outra
coisa, mas não pensamentos e palavras. "Terrorismo não é o que alguns
estão achando por aí. Terrorismo é meter carro bomba em guarita do
Exército", disse a apoiadora.
O POVO