O Ministério da Saúde divulgou
na noite de quarta-feira (4), com mais de três horas de atraso, o boletim
diário da pandemia do coronavírus no Brasil. Os dados mais recentes indicam
1.349 mortes confirmadas em 24 horas no Brasil, ou uma a cada 64 segundos, o
maior número já contabilizado nesta pandemia. Com isso, o total de óbitos chega
a 32.548. O índice supera a alta de ontem, quando foram registrados 1.262
óbitos.
(Foto: Jorge Hely /
FramePhoto/Agência O Globo)
O número de pessoas
recuperadas da doença também sobe a cada dia e já chega a 238.617, o
equivalente a 40,9% dos pacientes. Ainda segundo a pasta, mais de 312 mil casos
seguem em acompanhamento.
Com a inclusão de 28.633 novos
diagnósticos, o país contabiliza 584.016 casos em todo o seu território.
No final da tarde de hoje, às
17h56, a coletiva de imprensa com os técnicos da pasta, marcada para as 17h30,
foi cancelada — o Ministério da Saúde remanejou a apresentação à imprensa para
amanhã. Algumas horas depois, foi informado à imprensa que a atualização seria
feita às 22 h devido a “problemas técnicos”. Oficialmente, os dados são
divulgados às 19h, contudo, há ao menos dez dias eles têm sofrido atrasos.
A pandemia nos estados
A maior alta de mortes foi
puxada pelo Rio de Janeiro (324 novos óbitos), que também registrou seu recorde
nesta pandemia. Outras cinco unidades da federação também contabilizaram a
maior alta no número de vítimas fatais de covid-19: Paraíba (35 novas mortes),
Alagoas (24), Minas Gerais (17), Distrito Federal (14) e Mato Grosso (seis).
A região Sudeste passou das 15
mil mortes oficiais por covid-19 (15.290, exatamente), das quais mais de 8 mil
foram em São Paulo. Para efeito de comparação, se os quatro estados da região
formassem um país, este país seria o sétimo do mundo com mais óbitos
registrados da doença — à frente de México, Bélgica e Alemanha, por exemplo.
Já o Nordeste chegou a 10.066
mortes por covid-19 registradas. Um dos estados nordestinos, o Maranhão, agora
contabiliza 1.028 óbitos e desta forma se torna o sétimo estado brasileiro a
passar das 1 mil mortes causadas pela doença.
São Paulo foi o estado
brasileiro que mais registrou casos de ontem para hoje: 5.188. O segundo foi o
Pará (3.567), que registrou sua maior alta nesta pandemia. Também registraram
recordes Minas Gerais (1.071 novos casos), Distrito Federal (764), Paraná
(331), Roraima (293) e Mato Grosso do Sul (156).
Hoje a região Nordeste ultrapassou
os 200 mil casos oficiais de covid-19 (são 204.535, precisamente), cerca de 6,3
mil menos do que o Sudeste (210.854), a região brasileira com mais diagnósticos
da doença. Em seguida estão o Norte (121.461), o Sul (25.926) e o Centro-Oeste
(21.240).
Atrasos recorrentes preocupam
especialistas
Médicos e pesquisadores têm
criticado os recorrentes atrasos na divulgação dos números, que dificulta o
entendimento de como a pandemia tem se comportado no país e a avaliação dos
esforços do governo federal para contê-la. A situação de hoje foi vista com
alerta.
Para o neurocientista e
coordenador do comitê cientifico para covid-19 do Consórcio Nordeste, Miguel
Nicolelis, é “simplesmente estarrecedor” o atraso na divulgação dos dados. Já
Evaldo Stanislau, médico infectologista do Hospital das Clínicas, afirma que é
um “mau indício”. “O primeiro problema é ficar sem dado oficial. Isso tem um
impacto na assistência, porque muda o planejamento e a tomada de decisão de
gestores que estão monitorando estes dados. Então também causa um efeito
cascata”.
“Eu estranho muito um
Ministério da Saúde que não tenha um interlocutor médico, isso por si só já é
uma sinalização grave em um momento tão importante”, pondera Helio Bacha,
infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
“O Ministério da Saúde está
sem ministro, com dois ministros que saíram em menos de um mês. Esse é essa
situação complicada. O nosso risco agora é o de um apagão técnico. E acho que é
isso que está acontecendo”, afirma Bernadete Perez, vice-presidente da Abrasco
(Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
Entenda como é feita a
contagem da Saúde
A confirmação de óbitos e
diagnósticos apresentada pelo governo entre um dia e outro não necessariamente
ocorreu nas últimas 24 horas. O Ministério da Saúde explica que a fila de
testes provoca atrasos nos registros feitos pelas secretarias.
Com isso, muitas das
ocorrências podem ser de outras datas. O UOL já identificou atrasos de mais de
50 dias para a oficialização de mortes.
Procurado pelo UOL, o
Ministério da Saúde não enviou esclarecimentos sobre as ocorrências de hoje. Se
enviado, o posicionamento será incluído neste texto.
FolhaPress