Autoridades sanitárias da Alemanha confirmaram neste sábado, 20, que o número de pessoas infectadas com coronavírus em
um frigorífico na cidade de Gütersloh subiu para 1.029 - no início da
semana, o total era de 600 contaminados. O local, onde trabalham 6,5 mil
funcionários, pertence à Tönnies, a maior processadora de carne do
país.
O surto de infecções foi anunciado na quarta-feira (17). Desde então, o
frigorífico foi fechado por duas semanas. De acordo com Sven-Georg
Adenauer, conselheiro estadual do município de Gütersloh, no Estado da
Renânia do Norte-Vestfália, não há registro de que o vírus tenha se
espalhado para a cidade de 100 mil habitantes vizinha de Bielefeld, no
centro da Alemanha.
Adenauer reclama que as autoridades não conseguiram rastrear cerca de
30% dos funcionários da empresa. "A confiança que temos na Tönnies é
zero", disse. O diretor da empresa, Andres Ruff, afirmou neste sábado
que a demora para compartilhar os dados ocorre em razão das leis alemãs
de proteção à informação.
De acordo com Adenauer, foram realizados 3.127 testes de diagnóstico no
frigorífico e a um terço teve resultado positivo. Armin Laschet, chefe
de governo do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, acredita que o surto
de covid-19 possa ser contido com uma quarentena localizada, mas não
descarta medidas mais radicais. "Se a coisa piorar, pode ser necessário
decretar um novo lockdown na região", disse
Aplicativo
A Alemanha tem cerca de 190 mil casos confirmados de coronavírus e quase
9 mil mortos - bem menos do que Espanha e Itália, os países mais
afetados da Europa. A curva de contaminações vem caindo há algumas
semanas, o que permitiu ao governo relaxar algumas medidas de isolamento
social.
Por isso, a Alemanha se tornou um dos primeiros países a relaxar medidas
de confinamento. No início de maio, pequenas e médias lojas foram
reabertas e alguns estudantes voltaram às aulas. Escolas, bibliotecas
públicas, salões de beleza e outros comércios voltaram a funcionar
algumas semanas depois - com novas regras, como máscaras obrigatórias.
O governo da chanceler Angela Merkel, no entanto, alertou que a
população deveria adotar cautela ao retomar as atividades econômicas. "A
primeira fase da pandemia terminou, mas ainda estamos no início e temos
uma longa luta contra o vírus pela frente", alertou Merkel, após
afirmar que o afrouxamento das restrições só foi possível graças à
estabilização da taxa de contágio e à baixa ocupação de leitos de
hospitais.
Preocupada com uma segunda onda de infecções, Merkel determinou que cada
Estado deveria adotar regras próprias para retomar setores da economia.
Esta semana, o governo lançou um aplicativo de celular para
rastrear casos do novo coronavírus. A ferramenta funciona por bluetooth e
consegue medir a distância entre os smartphones dos usuários. Quando
detecta que duas pessoas estão a menos de 1,5 metro uma da outra por
mais de 15 minutos, ele registra o código de usuário de ambas.
Neste sábado, Merkel pediu que os alemães usem o aplicativo de
rastreamento de infecções, que já foi baixado por mais de 9 milhões de
pessoas no país. "Quanto mais gente usar o aplicativo mais útil ele
será", disse a chanceler, que voltou a dizer que a participação é
voluntária. (Com agências internacionais).
Diário do Nordeste