O cometa Neowise foi observado no início da noite desta quarta-feira
(22) por três astrônomos amadores da Ceará. O cometa foi visto nos
municípios de Cariús, na Região Centro-Sul do Estado como também nas
cidades de Caucaia e Maranguape, na Grande Fortaleza, por volta das
18h40.
O técnico-químico e astrônomo amador, Lauriston Trindade, 42 anos,
morador de Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza, um dos que
observaram o cometa diz que ele poderá ser visto mais uma vez nesta
quinta-feira apesar de seu brilho está diminuindo.
“A cada início de noite, o cometa estará mais alto no céu vespertino.
Hoje [quinta-feira], dia 23, ele estará na constelação da Ursa Maior.
Como ele já está se afastando do Sol, seu brilho está diminuindo. Ele só
pode ser visto com uso de binóculos ou se você estiver bem distante das
luzes das cidades. Poderá ser encontrado na direção noroeste do céu,
logo depois do céu escurecer a noitinha”, explica Trindade, que estuda
astronomia desde o ano de 1986, época em que também foi possível
observar o famoso Cometa Halley. Trindade participa desde 2015 da
Bramon, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros.
“Atualmente eu integro o grupo que é Bramon. A Rede Brasileira de
Observação de Meteoros desde 2015. Já tenho pesquisas publicadas fora do
país, já fiz viagens para Europa para apresentação de trabalhos e
também faço divulgações científicas em astronomia na cidade de
Maranguape e em outros lugares”, disse.
Trindade reforça que no Ceará existem algumas câmeras espalhadas em
quatro cidades que são usados pelo grupo astronômico. “Dentro do grupo
de observação de meteoros, já que a gente tem uma rede aqui no Brasil,
ela é composta de mais 70 pessoas. São mais de 120 câmeras que ficam
monitorando o céu e nós temos algumas câmeras aqui no Ceará. Em Iguatu,
Acarape, Fortaleza e Maranguape que ficam filmando céu”.
Os astrônomos amadores Paulo Régis, do Clube de Astronomia de
Fortaleza, e Manuel Ériclys, do Grupo Zênite, fizeram fotos do cometa no
céus das cidades de Maranguape e Cariús.
Visto novamente só daqui a 6 mil anos
Descoberto no fim de março pelo satélite Neowise da agência espacial
americana (Nasa), o cometa ficou visível a olho nu em 3 de julho quando
atingiu seu periélio, ponto de sua órbita mais próximo do Sol. Os
cometas são corpos formados por gelo, rochas e materiais orgânicos, e
vêm dos confins do sistema solar: o cinturão de Kuiper, ou talvez ainda
mais longe, da nuvem de Oort, que são ambas concentrações de pequenos
corpos celestes. O Neowise é um dos poucos cometas do século XXI que
podem ser vistos a olho nu, segundo a Nasa. Há registros também de sua
passagem em diferentes países do hemisfério norte.
“O cometa Neowise foi descoberto em março por uma soda da Nasa. A
expectativa inicial era de que o cometa não fosse ficar tão brilhante.
Mas, no fim de junho, ele entrou em nível de visibilidade com pequenos
telescópios e no início de julho ele passou a ser visto mesmo a olho nu.
Por conta das características da órbita, grande parte do show deste
cometa ficou restrita ao hemisfério norte. No entanto, desde o dia 20
deste mês, ele já está acessível ao hemisfério sul. A próxima visita do
cometa será daqui a 6.800 anos”, explica.
(G1/CE)