A velocidade de disseminação dos novos casos de coronavírus do interior do Ceará cresce quase duas vezes mais rápido do
 que na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), de acordo com o novo 
boletim epidemiológico do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, 
apresentado na manhã desta sexta-feira (3). O estudo também indica que, 
apesar da redução apresentada desde junho, Fortaleza corre o risco de 
sofrer um “efeito bumerangue de grande monta” nas próximas semanas.
Segundo o Comitê, os casos no interior dobram a cada 7 dias,
 e aproximadamente a cada 12 na RMF. Cidades como Sobral, Quixadá, 
Morada Nova e Viçosa do Ceará chamam atenção pelos altos valores do 
fator de reprodução - taxa que representa para quantos indivíduos uma 
pessoa contaminada pode transmitir a Covid-19.
“O efeito bumerangue é o que nos preocupa. Os casos do interior começam a retornar para as capitais
 porque pacientes graves vão para UTIs. Eles estão começando a ser 
maioria”, ressalta o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do 
Comitê. Ele indica que Fortaleza teve um dos melhores resultados do 
Brasil na desaceleração de casos após a implantação do lockdown.
O documento explicita que, embora Fortaleza, Recife e São Luís tenham
 tido bons resultados com o isolamento rígido, “as curvas ainda não mostram claramente a ocorrência de um pico ou platô” nos estados correspondentes.
Medidas de mitigação
Para barrar a interiorização, Nicolelis recomenda barreiras 
sanitárias e possíveis bloqueios intermitentes nos grandes 
entroncamentos que ligam Fortaleza aos municípios do Interior, controle 
de carros particulares e até mesmo rodízios. Orienta ainda para a 
interrupção total de ônibus intermunicipais, mas mantendo o transporte 
de carga essencial e o manejo de pacientes.
Além disso, o Comitê recomenda um programa estadual de Brigadas 
Emergenciais de Saúde com objetivo de quebrar as taxas de reprodução de 
casos. “Elas podem fazer busca ativa com agentes comunitários de saúde e
 enfermeiras para medir a saturação de oxigênio e, se necessário, ajudar
 a se isolar em equipamentos públicos, como escolas e ginásios, para 
quebrar a disseminação”, explica Nicolelis.
 (Diário do Nordeste)



