O impacto devastador da pandemia do novo coronavírus pode ser mensurado em números. No Brasil, por dia, a doença mata o equivalente a dois Boeings lotados. São mais de mil vidas silenciadas a cada 24 horas no território brasileiro.
Mas, a Covid-19 também esconde outras consequências que não são tão visíveis ou externadas nas duras estatísticas. Há um lado oculto difícil de se notar, e ainda mais delicado de lidar. Quadros de depressão e ansiedade invadiram o cotidiano de milhares de estudantes universitários cearenses e fizeram morada.
Um conjunto de pesquisas inéditas realizadas com 13.879 alunos das Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), aponta que 4.541 acadêmicos (32,7%) relataram ter a saúde mental afetada em decorrência da pandemia.
Dentre as três instituições de ensino superior, o IFCE foi a que apresentou maior percentual de alunos que alegaram ter desenvolvido algum quadro de depressão durante a pandemia, ou falta de condições emocionais, psicológicas ou físicas para um possível retorno às aulas. Quase 71% dos alunos aponta "se sentir bem em alguns dias e em outros, não". Essa oscilação pode ocasionar uma "tristeza profunda" semelhante à condição de depressão.
Cerca de 60% dos estudantes mostram preocupação de que alguém da família contraia a doença e cerca de 15% de que a renda da família não seja suficiente para enfrentar a pandemia. A preocupação predominante sobre a saúde familiar ocasiona um aumento do estresse, da ansiedade e da falta de concentração, além do medo.
Diário do Nordeste