Pros é alvo da operação da Polícia Federal por suspeita de usar candidata laranja



O Pros, partido do deputado federal Capitão Wagner, foi alvo na manhã desta segunda-feira, 14, de operação da Polícia Federal no Ceará. Batizada de Spectrum 274, a ação investiga supostos desvios do Fundo Eleitoral pelo partido. Na eleição de 2018, uma candidata a deputada estadual pela sigla recebeu R$ 274 mil da verba, mas obteve apenas 47 votos.

A investigação foi instaurada a pedido da Procuradoria Regional Eleitoral no Ceará após série de reportagens do O POVO de fevereiro de 2019. O POVO mostrou que a candidata Débora Ribeiro, mesmo desconhecida e sem jamais ter disputado qualquer eleição, recebeu repasse até quatro vezes maior que o de Soldado Noélio, deputado estadual eleito pela sigla.

Ao todo, a Spectrum 274 cumpriu oito mandados de busca e apreensão, incluindo ainda a sede de um partido político, um posto de gasolina e nas residências da investigada e dos proprietários das empresas envolvidas. A PF não citou o partido envolvido. Na eleição de 2018, no entanto, apenas duas candidatas tiveram 47 votos, Débora Ribeiro (Pros) e Eliane (PMN). Eliane, porém, não recebeu qualquer repasse do Fundo Eleitoral.

Nas prestações de contas à Justiça Eleitoral, Débora disse ter investido mais de 75% do valor na contratação de militantes e em material gráfico. Mesmo assim, não existem vestígios da campanha nas redes. Vários dos locais citados ou visitados pela reportagem, como um escritório de contabilidade e uma gráfica, foram alvos da operação de hoje.

A campanha possuía ainda diversos outros sinais de ser “de fachada”, sem real interesse de vitória. A gráfica citada pela campanha, por exemplo, não funcionava no endereço informado à Justiça, existindo apenas uma residência no local. Além disso, a candidatura disse ter contratado 141 pessoas, número três vezes maior que o total de votos de Débora.

Outra reportagem do O POVO mostrou também relação de Débora Ribeiro e o deputado federal Vaidon Oliveira (Pros), cunhado da candidata e até 2018 dirigente do Pros Ceará. No registro de candidatura à Justiça Eleitoral, por exemplo, a investigada declarou como e-mail o endereço deboravaidon90@hotmail.com. Além disso, pessoas que trabalharam com o parlamentar e até a irmã dele receberam repasses da campanha de Débora. A candidatura seria "laranja", usada como fachada para repasse de verba eleitoral.


(O Povo)

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