Cachorros são usados para detectar diagnóstico precoce de câncer de mama

 


Um projeto está pesquisando o uso de cães no trabalho de identificação precoce de câncer de mama em estágio inicial. A Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia (SFBO) realiza o estudo em parceria com o centro de pesquisa e tratamento de câncer na França, Instituto Curie. Nesta quinta-feira (4) é celebrado o Dia Mundial do Câncer.  

O estudo de biodetecção — uso de animais ou outros organismos vivos para detectar algo, como substâncias ilícitas ou agentes patogênicos — desenvolve uma técnica simples, barata e não invasiva de rastreamento do câncer de mama a partir do olfato canino. 

O projeto brasileiro treina cães para indentificar mais de 40 tipos de câncer de mama em um laboratório, onde cones oferecem diversas amostras de odores do corpo humano. O método descarta o contato físico entre os animais e as pessoas, para evitar estresse das duas partes. 

Um cão brasileiro já foi formado e outros dois estão em formação para a biodetecção, segundo informou à Agência Brasil o responsável técnico pelo projeto no País, Leandro Lopes. “Os cães vão ajudar a salvar vidas de pessoas e, o mais importante, com qualidade de vida para os cães”, destacou. 

Colhimento de amostras 

O protocolo para a obtenção de amostras que serão submetidas aos cães é simples. O projeto recomenda a homens e mulheres lavar as mãos antes de dormir, com sabonete neutro, e colocar compressas entregues em um kit sobre as duas mamas, retirando-as ao acordar, após nova lavagem das mãos com o sabonete neutro. As compressas são colocadas então em um saco e enviadas para o projeto, onde são submetidas ao olfato dos animais no laboratório. Segundo disse Leandro Lopes ao veículo de comunicação, os cães ficarão estáticos em frente à amostra que der positivo para câncer de mama.

Lopes ainda explicou que o câncer é uma modificação biomolecular que vem do corpo humano. Por isso, ela exala cheiro que, muitas vezes, é imperceptível para o homem, mas não para os cães. “Por meio do cheiro, o cão detecta se é negativo ou positivo”. O trabalho de biodetecção tem uma acertabilidade de 91,8%, comprovada cientificamente e seguindo parâmetros do KDOG França, disse. Ele observou que o trabalho não elimina os protocolos tradicionais para detecção de câncer, como mamografia e outros exames. 

“O KDOG vem para antecipar isso, para tentar colocar as pessoas em uma triagem, para chegar mais rápido ao mamógrafo”. Leandro Lopes afirmou que o método pode ajudar, principalmente, populações distantes dos grandes centros, como indígenas e ribeirinhos, além de pessoas carentes, porque consegue criar uma velocidade com qualidade, para que o diagnóstico seja encontrado mais rápido. “Porque nós sabemos que quanto mais rápido o câncer for diagnosticado, mais chance tem de cura”. 

Futuro 

Em futuro próximo, a intenção é disponibilizar o projeto no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). “É o nosso grande sonho e desejo que isso aconteça. A gente conseguiria ajudar o SUS a ter um controle maior e maior velocidade no diagnóstico”. 

Os cães deverão concluir 100% do treinamento previsto no primeiro semestre de 2021. Quando começarem a dar suporte ao SUS, ajudarão a população mais pobre a ter acesso a exames, como o de mamografia. Lopes esclareceu que o cachorro consegue sentir o cheiro do câncer antes de o tumor aparecer. “Por isso, é um processo de triagem. O cão sentiu o cheiro, deu positivo, aquela mulher entra em uma fila de mais atenção”. O projeto é aplicável também para pessoas que já tiveram câncer de mama, direcionando-as para a fila de atenção, caso um novo tumor seja detectado. 


(Diário do Nordeste)

 

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