Saiba quais são as duas únicas cidades cearenses que não tiveram morte por Covid-19 em 2021

 


Somente as cidades de Granjeiro e Umari, ambos no Sul do Estado, não registraram nenhum óbito por decorrência da Covid-19 em 2021. Os demais 182 municípios cearenses (98,92%) tiveram pelo menos uma morte ao longo dos quatro primeiros meses deste ano. Em todo o Ceará, foram 7.634 mortes neste ano. Fortaleza lidera com 3.326, seguida por Maracanaú (330) e Caucaia (316).

Os dados são da plataforma IntegraSus, da Secretaria da Saúde do Estado e foram confirmados pelas Secretarias da Saúde dos dois municípios. Há um mês, eram 4 cidades sem ocorrência de óbitos. 

Desde o início da pandemia, Granjeiro  - que tem pouco mais de 4.800 habitantes - registrou apenas duas mortes, ambas em setembro (dias 4 e 17). A cidade é a que possui o menor número de vítimas, seguida por Potengi (3), Guaramiranga (4) e Potiretama.

Granjeiro foi também o último município a registrar óbito, em 2020, pelo novo coronavírus. A secretária da Saúde, Cícera Aderilma Soares Fernandes, atribui a ausência de mortes às "políticas sanitárias ininterruptas" realizadas desde o ano passado. 

É difícil apontar um único responsável. Por trás deste número há um conjunto de fatores desempenhados e, claro, a participação fundamental da população. 
Cícera Aderilma
Secretária da Saúde de Granjeiro

Dentre essas ações realizadas, Aderilma destaca o trabalho de conscientização realizado nas zonas urbanas e rurais, e a fiscalização no comércio de modo a evitar aglomerações.

"Temos carros de som que circulam as principais ruas da cidade e também nos distritos. Além disso, afixamos cartazes mostrando a importância de seguir as medidas de segurança. Avalio que a população compreendeu a gravidade do momento e isso tem nos ajudado bastante", relata.

Para os comerciantes foram distribuídos "termos de responsabilidade", em que todos tiveram que assinar se comprometendo a ofertar álcool em gel além de garantir o distanciamento dentro dos estabelecimentos. "O comércio é o local de maior risco de transmissão. Então focamos em controlar esse ambiente", acrescenta Aderilma.

Em Umari, cidade com cerca de 7.700 habitantes, a estratégia foi ampliar a testagem. O secretário Municipal da Saúde, Josué Barros, destaca que "ao conseguir identificar o paciente logo que ele é acometido pela doença, as chances do quadro evoluir, assim como as chances desses infectados repassarem o vírus, diminuem bastante".

Além da testagem, o Município instituiu uma espécie de "bloqueio familiar". "Assim que nossos profissionais recebem os testes e ele é positivo, orientamos o paciente a ficar em casas e também monitoramos seus familiares ou aqueles que tiveram contato direto a realizarem a quarentena.Tudo isso é monitorado pelos agentes de saúde", garante Josué.

Assim como acontece em Granjeiro, a cidade de Umari também apostou na fiscalização e conscientização. "Temos uma equipe multidisciplinar, com enfermeiros, técnicos e agentes de saúde, que orientam diariamente a população e ajudam a coibir as aglomerações", detalha Barros. Ainda segundo ele, nos últimos meses o Município não teve registros de aglomeração.

População reduzida ajuda a conter o vírus 

Para Caroline Gurgel, virologista, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), o fato de ambas as cidades terem poucos habitantes ajuda a conter a disseminação do vírus. "A conscientização e engajamento da população acaba sendo mais fácil. O fato de as pessoas se conhecerem gera mais empatia, o que leva um cuidado maior", considera.

A especialista alerta, no entanto, que mesmo diante de populações com menos de dez mil habitantes, as ações sanitárias continuam sendo essenciais. "O risco existe. Todos estamos vulneráveis,  Independentemente se é em uma grande metrópole ou em uma cidade pequena. Portanto, é primordial que as medidas sanitárias sejam seguidas", adverte. 

Média móvel em queda

Além da ausência de óbitos, ambos os municípios registram queda na média móvel de novos casos confirmados. O pico da média, em Granjeiro, aconteceu em 19 de outubro do ano passado, quando a média móvel, segundo IntegraSus, chegou a 4,14. 

À época, o Município instituiu barreiras sanitárias com controle de entrada de veículos e reforçou as ações. Nas semanas seguintes a média começou a declinar. Neste ano, a cidade atingiu seu patamar (2,72) em 12 de fevereiro. Desde então, iniciou tendência de queda e, hoje, está em 0,34. 

Na cidade de Umari o cenário é semelhante. A maior média móvel (5,14) foi registrada no dia 6 de junho. Em seguida caiu e, neste ano o índice pouco oscilou, chegando ao seu maior patamar (2,28) no dia 5 da abril. No restante do ano, porém, a média tem se mantida abaixo de 1. Hoje, este índice é de 0,28.

 

 

(Diário do Nordeste)

 

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