"O que eles fizeram não foi de preparo de policial nenhum", diz vítima de ação em Hidrolândia



Raimundo Diogo Siqueira Neto, uma das vítimas da ação policial na cidade de Hidrolândia, na última sexta, (09), contou que por pouco o disparo não atingiu suas costas em um ponto específico da medula, o que poderia deixá-lo até paraplégico. Ele questionou a falta de preparo dos envolvidos em entrevista à Rádio O POVO/CBN, na manhã desta segunda-feira, 12. No momento, o cearense está com quadro estável de saúde, mas ainda hospitalizado.


Os disparos efetuados atingiram Diogo nas costas e no joelho. "Quando aconteceu o fato mesmo, nos deparamos com policiais, os tiros já estavam sendo efetuados. Não houve abordagem nenhuma: os faróis e a sirene estavam desligados. Quando percebi, já tínhamos passado por eles, e eles estavam alvejando o carro", relembra. "Foi questão de segundos. Parecia que eles já estavam esperando a gente. Não houve abordagem."


Diogo conta ainda que os policiais estavam afastados, e que ele e outras duas pessoas - dentre elas, uma criança de 10 anos - estavam brincando com bombinhas rasga lata em uma praça da Cidade. "Quando fomos ver que era a Polícia, consegui ainda olhar, pois estava no banco de trás. Eu já estava baleado quando consegui olhar. A criança já estava do meu lado, caída, gritando 'Eu tô ferido, eu tô ferido'".


Ele relembra que chegou a pedir ao amigo para acelerar o carro, como tentativa de fuga dos disparos. "Os dois [policiais] estavam do lado de fora, com a porta aberta, só atirando. Foi fração de segundos mesmo", relembra. "Quando esse meu amigo acelerou o carro, paramos em uma esquina. A gente saiu do carro, falamos ainda com o motorista, o olho dele estava estourado", relembra Diogo, que percorreu com o carro junto com as outras duas vítimas até uma avenida próxima da região.


"Quando eles chegaram perto da gente, já no final de uma padaria, foi onde abaixei o vidro do carro e pedi, com a mão, para eles não atirarem. Para não acontecer mais nada: não estávamos armados, não estávamos fazendo nada."


Conforme Diogo, os policiais só perceberam o que fizeram quando os dois homens conseguiram sair do carro. "Eu dei sinal para eles não atirarem, para não fazerem mais nada. Eu abri a porta e saí caxingando". Em certa hora, Diogo diz que os policiais o trataram com grosseria, chamando-os de "loucos".


Agora, a vítima espera que a justiça seja feita: "O que eles fizeram não foi de preparo policial nenhum". O homem de 22 anos estava estudando, inclusive, para realizar um concurso público na área da segurança. Entretanto, pretende rever sua dedicação após o caso. "Eu estava estudando, mas não sei se é isso mesmo que eu quero mais", lamenta.


Nesta manhã, o Ministério Público do Ceará (MPCE) anunciou a ingressão de um pedido de prisão preventiva dos dois policiais militares envolvidos na ação. A solicitação foi feita à Vara Única da Justiça Militar do Ceará por intermédio da Promotoria de Justiça Militar. No domingo, o governador Camilo Santana (PT) pediu rigor nas investigações.


O Povo

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