Anvisa veta o uso da vacina Coronavac em crianças e adolescentes



A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vetou, nesta quarta-feira, 18, o uso emergencial da vacina contra a covid-19 Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, para crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos. A decisão dos cinco diretores da Anvisa foi unânime. Segundo a agência, os documentos apresentados dos estudos realizados até o momento não garantem a eficácia e segurança no uso da vacina no grupo pediátrico. O argumento é que a aplicação do imunizante em crianças e adolescentes poderia colocá-los em risco.


Por enquanto, a única vacina contra covid-19 aprovada para menores de 18 anos no Brasil é a da Pfizer/BioNtech, que tem indicação em bula para uso a partir de 12 anos de idade. O laboratório Janssen recebeu autorização da Anvisa para realizar estudos de sua vacina com menores de 18 anos, porém ainda não solicitou autorização para esse público. Os estudos estão em condução pelo laboratório.


Na avaliação de Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, os estudos apresentados pelo Butantan até o momento foram insuficientes para estabelecer a segurança da aplicação da Coronavac na população pediátrica. Também não ficou claro o perfil de segurança em populações pediátricas com comorbidades e imunossuprimidas.


De acordo com Mendes, a pesquisa analisada mostrou que os voluntários geraram anticorpos, mas não está claro se eles foram suficientes para garantir a proteção contra a covid-19. Outro ponto desfavorável foi o baixo número de voluntários: 586. "Em outros estudos similares usam um mínimo de 2 mil", disse. Faltaram ainda informações com a divisão por faixa etária, feita em três subgrupos.


Na mesma reunião desta quarta-feira, os diretores avaliaram também se a Coronavac ainda mantém o benefício, em relação ao risco, para a aplicação em adultos. Apesar da falta de documentos, a Anvisa se manteve favorável ao uso emergencial em pessoas com mais de 18 anos.


Gustavo Mendes criticou o Butantan por ainda não ter entregado mais dados sobre a vacina. Assim que a Anvisa liberou o uso emergencial, em janeiro deste ano, o instituto paulista se comprometeu a enviar os documentos que estavam faltando em um mês. Os resultados de estudos não foram entregues, e a agência postergou por diversas vezes o envio, até julho, o que também não se concretizou.


A diretora Meiruze Freitas pontuou que a Anvisa não recebeu, por exemplo, qualquer documento ou dados sobre o estudo de vacinação em massa realizado na cidade de Serrana, no interior de São Paulo. A aplicação terminou em abril, e resultados preliminares apontaram uma redução de mortes em 95% dos casos. Meiruze Freitas ainda recomendou que o Ministério da Saúde avalie, de forma experimental, o uso de uma terceira dose de vacina contra a covid-19 para imunossuprimidos e idosos que tomaram a Coronavac.


Exame

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