“Não se pode ceder à corrupção para manter a governabilidade”, diz Moro em crítica a Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, usou as redes sociais nesta sexta-feira, 30, para divulgar um texto publicado na revista Crusoé em que fala sobre governabilidade. Após silêncio sobre o caso, o juiz demonstrou suas primeiras criticas sobre a conquista da Casa Civil pelo centrão após as nomeações realizadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Na última quinta-feira, 29, ao defender a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) à Casa Civil, Bolsonaro voltou a defender que o ato como uma forma de conseguir maior espaço de governabilidade no Congresso. “Eu tenho que governar com o maior número de parlamentares”, afirma. E emenda: “Se eu aleijar um grupo ou outro, eu não tenho maioria nem para aprovar leis ordinárias”.

Em texto, Moro defendeu que a governabilidade é “imprescindível para a estabilidade política e para que governos possam alcançar os seus objetivos”, porém, sem a promoção de atos de corrupção. “Mas não se pode ceder à corrupção para construir ou manter a governabilidade. Não é uma questão puramente moral ou legal. Quando se cede ao crime, constrói-se governabilidade efêmera. Os custos para mantê-la vão se tornando cada vez mais altos, pois o apetite da corrupção é insaciável.

Segundo o ex-ministro, a governabilidade por meio de atos corruptivos “desenha a tendência de que a política passe a ser cada vez mais dominada por criminosos e não por princípios”. Ele criticou os tipos de governabilidade que cedem ao fisiologismo, ao patrimonialismo, ao loteamento político de cargos e, em algum ponto, até mesmo à corrupção clara e aberta”. No fundo, sempre li isso ao contrário. Isso era desejado e precisavam encontrar uma justificação que os legitimassem de alguma forma”, avaliou.

O POVO






Postagens mais visitadas