Adolescente é baleado e morto; família acusa PM de atirar e de jogar corpo em valão

 Segundo familiares, Cauã teria sido baleado no peito por um policial militar ao deixar um evento que recebia crianças na comunidade do Dourado — Foto: Reprodução/ TV Globo

Um adolescente de 17 anos, identificado como Cauã da Silva dos Santos, foi baleado e morto na noite desta segunda-feira (4), em Cordovil, Zona Norte do Rio.

Segundo familiares, Cauã teria sido baleado no peito por um policial militar ao deixar um evento que recebia crianças na comunidade do Dourado. Eles contam que ele era lutador de jiu-jítsu e de luta livre há três anos, integrava um projeto social na região e não tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

Os parentes dizem ainda que depois de baleado, o corpo foi lançado em um valão. Eles tiraram Cauã e levaram para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na tentativa de socorrer o adolescente. O menor já chegou morto ao hospital.

O repórter cinematográfico Betinho Casas Novas entrevistou familiares e moradores da região.

"Jogaram o meu neto dentro do rio. Mas isso não vai ficar impune, pois nós não vamos deixar mais uma morte cair nas estatísticas, que são muitas. Quantas mães, quantas avós estão chorando nesse momento como eu, como a minha mãe, como a mãe dele, o meu filho, que é pai dele?", afirmou Edineize Soares, avó de Cauã. 

“Nós estávamos indo para casa quando os caras já vieram atirando em geral. Nós gritamos no beco: é morador! É morador! Eles largando tiro. Um morador parou no nosso lado e chamou para casa dele. Quando nós vimos, eles, os ‘cana’ largaram um tiro no peito dele e jogaram ele dentro do riacho. Sangue-frio. Nós gritando que é morador. Gritando, todo mundo gritando”, afirmou uma testemunha.

Os moradores afirmam que não havia operação ou troca de tiros no momento que Cauã foi baleado. Moradores da comunidade do Dourado chegaram a fazer uma manifestação pedindo por justiça, e um ônibus foi incendiado.

Segundo familiares, Cauã também trabalhava em um ferro-velho e tinha o sonho de se alistar nas Forças Armadas.

"Tiraram o sonho de meu irmão. Acabou com a minha família", afirmou Caroline, irmã de Cauã.

Segundo a plataforma de dados Fogo Cruzado, 16 adolescentes foram baleados este ano na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Cinco morreram.

O que diz a PM

A Polícia Militar afirmou que agentes do 16º Batalhão (Olaria) realizavam policiamento pela Rua Antônio João, nas imediações da comunidade da Tinta, quando foram atacados. Houve confronto e um suspeito foi atingido. Com o homem, que é foragido do sistema prisional, foram apreendidas drogas e R$ 39.

Mais tarde, os policiais seguiram até um valão próximo onde outros criminosos tinham pulado durante a fuga. Lá, eles apreenderam uma pistola e três carregadores. A PM afirma que os agentes souberam, mais tarde, que um homem atingido por bala de fogo no Hospital Getúlio Vargas, onde não resistiu aos ferimentos.

A Polícia Militar afirmou que um procedimento apuratório foi instaurado para apurar todas as circunstâncias da ação.

A Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte de Cauã. Testemunhas serão ouvidas e diligências estão sendo realizadas para esclarecer os fatos. 

 

 

(g1)

 

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