Publicitário cria 'resort' para pássaros na Zona Sul de SP, e vizinhos se mobilizam para arrecadar doações para projeto

 Marcelo Máximo, idealizador do MM Resort Big Birds, sentado em uma cadeira de praia no local em uma rua na Zona Sul de SP — Foto: Marcelo Brandt/g1

A cerca de 500 metros da movimentada estação de Metrô Santos-Imigrantes, na cidade de São Paulo, fica um "resort" para pássaros. Funcionando a céu aberto, o local recebe aves livres que sobrevoam a capital paulista, e os "hóspedes" podem fazer por ali uma breve pausa, se alimentar, se hidratar e levantar voo novamente.

O publicitário Marcelo Máximo, de 53 anos, foi quem teve a ideia, em maio de 2021, do projeto inusitado, a que deu o nome de "MM Resort Big Birds".

Marcelo instalou o empreendimento na rua em que vive, no bairro do Cursino, na Zona Sul da capital. Para a surpresa do próprio publicitário, o espaço recebe muitas visitas, diariamente. Segundo Marcelo, mais de 200 pássaros de diferentes espécies já passaram pelo local, como: maritaca, sanhaço, sabiá, bem-te-vi, beija-flor, anu, rolinha, gavião carcará e alguns outros pássaros que ele admite não ter conseguido identificar.

Essa movimentação toda obrigou o criador do projeto a expandir as instalações, que hoje conta com botânica, playgroud com "elevador", alimentadores e até um espaço exclusivo para os menores, a "rolândia MM", criada para alimentar as rolinhas e outros pássaros pequenos (confira no vídeo acima).

Não foram somente os pássaros que aderiram à iniciativa. A vizinhança também, além de donos de comércios da região, que passaram a enviar doações de rações e frutas, o que, segundo Marcelo, é a principal fonte do projeto atualmente.

O local está aberto à visitação, e o g1 foi até lá para conversar com o criador do "resort", que explicou como o empreendimento funciona. Segundo o publicitário, a iniciativa é uma forma de permitir que os moradores da maior metrópole do país entrem em contato com a natureza.

Marcelo Máximo, idealizador do MM Resort Big Birds, sentado em uma cadeira de praia no local em uma rua na Zona Sul de SP — Foto: Marcelo Brandt/g1

Marcelo conta que se divorciou há quatros anos e, desde então, vem procurando "uma vida nova". Foi seguindo esse propósito que ele começou a fazer biologia marinha, ressaltando sua grande paixão por peixes e pelo mar.

Uma outra mudança ainda mais recente na vida do publicitário foi a perda do emprego no início da pandemia da Covid-19. Diante do cenário, Marcelo resolveu montar uma empresa de comércio de móveis 100% online.

Com isso, veio o hábito de se sentar em uma cadeira de praia, em frente à sua casa, enquanto trabalhava. No local, ele conta que tem uma castanheira que atrai muitos periquitos, e o publicitário então decidiu fazer duas casinhas para esses pássaros.

"Nenhum passarinho apareceu. Esnobaram a minha casinha, mas eu insisti. Pensei, vamos ver quem é mais teimoso, eu ou eles?", brincou Marcelo.

Passados dois meses sem receber nenhuma visita, o primeiro periquito-rico pousou no "resort". A propaganda "bico a bico" deve ter sido positiva porque foi a partir daí que a história mudou, e o espaço passou a receber, diariamente, pássaros de diferentes espécies.

"As maritacas que recebo aqui são periquito-rico, periquitão maracanã e papagaio. Além deles, eu recebo sanhaço, que é um pássaro lindo, recebo sabiá, bem-te-vi, beija-flor, anu. Recebi aqui também já um periquito australiano, mas esse, infelizmente, não sobreviveu, pois ele não foi habituado a viver na natureza. Já recebi gavião carcará e um outro gavião diferente e alguns outros pássaros que eu nem consigo identificar porque não conheço", relatou.

A capital paulista tem cerca de 497 aves catalogadas pela Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Dessas, 128 são endêmicas, isso é, ocorrem exclusivamente na Mata Atlântica, mas, apesar desse bioma corresponder a praticamente um terço do território da cidade, os últimos dados divulgados pela Secretária do Verde, de 2021, mostram que a área de cobertura vegetal na cidade diminuiu cerca de 3% nos últimos 20 anos. Neste período, foi destruída uma região natural que equivale a quase metade da área verde do município.

"A gente está num centro muito urbano, então é raro de se ver pássaros e a quantidade de pássaros que as pessoas têm visto aqui é algo que elas não estão habituadas, mas os pássaros estão aqui, a gente que não nota. O dia a dia é tão corrido e é tanta tecnologia que a gente esquece um pouco da natureza, mas ela está aqui, por enquanto..." , afirmou Márcio.

 

 

(g1)

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