Seis meses após morte de comunicador do Pirambu News, um suspeito está preso e 3 estão foragidos

 Criador do canal de notícias "Pirambu News", Givanildo Oliveira, foi morto a tiros no Bairro Pirambu, em Fortaleza. — Foto: Arquivo pessoal

A morte de Givanildo Oliveira, criador da página de notícias independente, Pirambu News, completou seis meses no último dia 7 de agosto. Após a conclusão do inquérito, cinco pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil, destas, quatro foram denunciadas pelo Ministério Público do Ceará. Um deles foi preso e os outros três estão foragidos.

Givanildo foi assassinado no dia 7 de fevereiro na esquina da Avenida Doutor Theberge com a Rua Nossa Senhora das Graças, no Bairro Cristo Redentor, após divulgar em seu portal a prisão de um suspeito de homicídio no bairro onde morava.

"Gigi", como era conhecido, era o editor e administrava as redes sociais do canal, que se dedicava a produzir conteúdo, principalmente sobre violência, denúncias e casos que ocorriam nos bairros da região do Pirambu, área de vulnerabilidade social da capital. O portal acumulava milhares de seguidores no Instagram, Facebook, YouTube e no blog de notícias à época em que ele foi assassinado.

De acordo com documentos obtidos pela TV Verdes Mares, Givanildo estava a pé, indo até o restaurante onde costumava jantar, quando foi surpreendido por Thiago de Sousa Barros, de 21 anos, que atirou mais de uma vez. Foram pelo menos seis lesões na cabeça da vítima. A ação foi flagrada por uma câmera de segurança. 

Enquanto isso, Nilton Pires Amaro de Castro ficou perto do local para dar suporte à ação criminosa, que teve como mandantes Carlos Mateus da Silva Alencar, o "Skidum", e Fabio Almeida Maia, o "Biú", chefes de uma facção criminosa.

Postagem desagradou integrantes de uma facção

Conforme a investigação da Polícia Civil, a postagem feita por Givanildo desagradou os integrantes da organização criminosa, por falar sobre a captura de um dos membros do bando e por conter uma frase interpretada pelos réus como um elogio à atuação da Segurança Pública. "Em resposta rápida, PMCE prende suspeito de duplo homicídio no Pirambu".

Cinco dias após o crime, Thiago foi preso por suspeita de matar Givanildo. O suspeito já tem antecedentes criminais por homicídio, roubo e porte ilegal de arma. Além disso, a polícia encontrou droga na residência dele.

A namorada de Thiago, que terá o nome preservado, chegou a ser investigada pela polícia, mas como não houve comprovação da participação dela, o Ministério Público não a denunciou pela morte do criador do Pirambu News.

Na denúncia, o Ministério Público foi favorável à prisão preventiva de Nilton , o Shakira; Carlos Mateus , o Skidum; e Fabio Almeida Maia, o Biú, devido ao perigo que os três oferecem à sociedade. Os três estão foragidos e há suspeita que Skidum (Carlos Mateus) e Biú (Fabio Almeida) estejam no Rio de Janeiro.

O órgão pediu no documento que os denunciados fossem condenados por homicídio consumado duplamente qualificado e organização criminosa com uso de arma de fogo.

Carlos Mateus, o Skidum, um dos suspeitos de ser o mandante da morte de Givanildo, está na lista de mais procurados da polícia, que oferece uma recompensa de R$ 7 mil por informações que levem a prisão dele.

Crime repercutiu nacionalmente

O crime repercutiu nacionalmente, e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) pediu a abertura de um inquérito para apurar o assassinato. Em nota, a diretora geral da entidade, Audrey Azoulay, considerou o crime como um ataque à liberdade de expressão e de imprensa.

Ela disse também que as autoridades brasileiras deveriam se empenhar com todos os esforços para elucidar o crime e levar os responsáveis à justiça. A entidade, inclusive, reforçou que dados coletados apontavam a América Latina como uma das regiões mais perigosas para o exercício do jornalismo.

A Polícia Civil informou que concluiu e remeteu à Justiça o inquérito policial que investigava as circunstâncias da morte do comunicado. O caso foi finalizado pela 8ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

 

 

(G1/CE) 

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