Mulher relata ter sido estuprada por enfermeiro dentro de hospital público

Publicitária relata abuso sexual por parte de enfermeiro de hospital da zona sul de SP

 

A publicitária Nathalia Caroline Vargas Santos, de 29 anos, vive com medo e não consegue mais sair de casa desacompanhada do pai ou do noivo há dois meses. Isso porque na quinta-feira (7) de julho foi abusada por um enfermeiro. O caso ocorreu no Hospital Dia Flávio Giannotti, localizado no Ipiranga, na zona sul da cidade, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.

Até o momento, a jovem não sabe a identidade do abusador, pois a Organização Social de Saúde não divulgou o nome do enfermeiro. Segundo ela, outras funcionárias que presenciaram o crime não a ajudaram na identificação por temerem perder o emprego.

No dia em que ocorreu o abuso, a publicitária compareceu na unidade hospitalar para fazer uma cirurgia de retirada da vesícula, por volta das 15h. De acordo com ela, cerca de dez enfermeiras cuidaram do pré-operatório. As profissionais, segundo Nathalia, teriam sido atenciosas e comunicado cada passo do procedimento.

Durante o processo, Nathalia teve as mãos e as pernas amarradas na maca. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), "é uma prática habitual que tem como objetivo evitar possíveis incidentes ao longo da cirurgia".

Em determinado momento, um enfermeiro, cuja identidade segue desconhecida, apareceu na sala. A vítima estava amarrada e sem roupa, coberta apenas por um lençol. "Parecia que ele estava supervisionando o trabalho das outras pessoas. Ele começou a mexer no lençol e nos meus pés", afirmou a publicitária.

Suspeitando do comportamento do colega, uma enfermeira chegou a falar "não mexe nela, porque ela está quase pronta para a cirurgia". Mesmo com a advertência, o homem retirou o lençol e passou a tocar nas partes íntimas e no seio de Nathalia. "Eu fui perdendo a voz. Estava amarrada como se estivesse em uma cruz. Era muita impotência".

Em seguida, ele chegou por trás da vítima e cheirou seu pescoço. "Quando ele olhou nos meus olhos, eu tinha certeza que ele estava me abusando", relembra Nathalia com a voz embargada. Ela diz ter ficado em estado de choque, sem conseguir reagir.

Incomodada, uma enfermeira gritou "não mexe mais nela" e o empurrou. O abusador foi retirado da sala e a publicitária seguiu para a cirurgia sedada e entubada.

Quando acordou, duas funcionárias se aproximaram e disseram que também foram abusadas pelo homem. "Elas choraram e me abraçaram". Com medo de represália e possíveis demissões, elas não revelaram a identidade do homem nem detalhes dos episódios.

Ao saber do ocorrido, o noivo da vítima foi até o Hospital Dia Flávio Giannotti e formalizou uma denúncia na administração, que também se recusou a passar informações sobre o funcionário. Apesar de o abusador seguir desconhecido, a publicitária afirmou que conseguiria reconhecê-lo se o encontrasse novamente.

No dia da cirurgia, o enfemeiro vestia uniforme com desenhos infantis, o que o diferenciava dos demais profissionais na sala.

Um boletim de ocorrência foi registrado como estupro de vulnerável na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher, que instaurou um inquérito policial. Questionada sobre o andamento das investigações, a Secretaria de Segurança Pública não retornou à reportagem até o momento.

De acordo com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, o enfermeiro foi demitido após a denúncia. Entretanto, a publicitária teme que ele faça outras vítimas, por isso luta para descobrir sua identidade e responsabilizá-lo.

"Eu não ando mais sozinha, só ando de carro. Também estou emagrecendo e não consigo mais dormir. Como ele já tirou tudo de mim, não me importo de ter o nome exposto. Felizmente tenho apoio da minha família, do meu noivo e da terapeuta", desabafa.

A Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio de nota, que "repudia veementemente quaisquer atos de violência, instaurou um procedimento administrativo disciplinar para apuração da denúncia e determinou que a direção do Hospital Dia (HD) Flávio Giannotti, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina/Programa de Atenção Integral à Saúde (SPDM/Pais), colabore amplamente com as autoridades policiais na investigação em curso".

 

R7

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