Caso Flordelis: perícia, sentença e Promotoria descrevem a morte do pastor Anderson do Carmo

Flordelis no banco dos réus, no primeiro dia de julgamento — Foto: Brunno Dantas/TJRJ
Foto: Brunno Dantas/TJRJ

O assassinato do pastor Anderson do Carmo, ocorrido em 16 de junho de 2019, foi o momento final de uma sequência de pelo menos seis tentativas de assassinatos contra a vítima – todas, segundo a Justiça, envolvendo a agora ex-deputada federal Flordelis e parte de seus mais de 50 filhos. 


Tanto na sentença proferida pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce quanto nas acusações feitas pelo Ministério Público, é possível ver detalhes do crime – da motivação e planejamento do assassinato à destruição do corpo do pastor Annderson, causada pelos 30 disparos de pistola à queima roupa.


Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, foi condenada a 31 anos e 4 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.

Pastor Anderson, assassinado, e a mulher Flordelis — Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo

Corpo destruído


Por meio de informações contidas nos laudos periciais, em sua sentença, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce detalhou os ferimentos que causaram a morte do pastor Anderson.

Ao todo, foram 30 perfurações feitas por tiros de pistola. Os disparos causaram laceração (despedaçamento) do encéfalo e fratura da base do crânio.

Os tiros também provocaram a laceração dos pulmões, fígado, rim direito e alças intestinais. Também houve entrada de disparo pela "orelha externa direita", além de fratura do fêmur esquerdo.

Com exceção do disparo feito de forma específica na orelha direita, a análise do corpo feita pelos peritos não especificou quais os ferimentos de entrada e de saída devido à "multiplicidade de disparos".

Veneno e frieza


Em outro trecho da sentença, a magistrada ressalta as sucessivas tentativas de envenenamento feitas contra o pastor Anderson do Carmo.

Segundo a juíza, as tentativas de assassinato em sequência determinadas por Flordelis "evidenciam ainda mais sua total frieza e menosprezo pela vida humana".

Ingratidão e ódio


Na sentença, a juíza destaca a ingratidão por parte de Flordelis. Para a magistrada, a condenada ignorou a importância que Anderson para que ela atingisse o sucesso profissional que conseguiu alcançar.

"O delito se mostra ainda mais repugnante considerando que a vítima sempre se dedicou e foi essencial para o êxito da ré em suas carreiras, em diversos âmbitos, político, religioso e artístico".

Parlamentar


Ainda de acordo com a juíza, o fato de ter sido concebido por uma parlamentar torna o crime ainda mais grave.

    "Ainda mais grave a conduta da ré em decorrência de ser na ocasião deputada federal, eleita pelo povo, e que deveria na verdade zelar pelo cumprimento das leis".

Denúncia


De acordo com a denúncia do Ministério Público, Flordelis foi a responsável por planejar o homicídio do marido, o pastor Anderson do Carmo, além de ter convencido o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio, tendo ainda financiado a compra da arma e avisado sobre a chegada da vítima no local em que foi executado.

Ainda de acordo com as investigações apontadas na denúncia, o crime teria sido motivado porque Anderson mantinha controle das finanças familiares e administrava os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado às pessoas mais próximas da ex-deputada em detrimento de outros membros da família.

Flordelis foi denunciada em agosto de 2020 pelo Ministério Público. Segundo a denúncia, Flávio, em conluio com Flordelis e outros denunciados, atirou diversas vezes contra Anderson na madrugada do dia 16 de junho de 2019, na casa da ex-deputada.

A Promotoria também apontou as tentativas de homicídio anteriores ao fato consumado, pela administração de veneno na comida e bebida da vítima, ao menos seis vezes, sem sucesso.

“Depois de seis longos dias de julgamento, o Ministério Público está satisfeito com as condenações das rés Flordelis e Simone. Com o reconhecimento da responsabilidade penal das rés pelos fatos gravíssimos, foi feita justiça, bem como honrada a vida e a memória da vítima Anderson”, disse a promotora de Justiça Mariáh Soares da Paixão, da Promotoria de Justiça Junto à 3ª Vara Criminal de Niterói.
 

 

(g1)

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