Influencer cearense gravava conteúdo para as redes sociais quando foi baleado, diz irmão; policial é suspeito

 Júnior trabalhava como entregador de aplicativo, mas sonhava em seguir carreira como digital influencer. — Foto: Arquivo pessoal

Vídeos feitos no dia do crime mostram uma briga em um posto de combustíveis do município (veja abaixo). Um policial de 35 anos, identificado como Francisco Rômulo Lopes Ferreira, foi preso suspeito do crime, mas foi posto em liberdade posteriormente. Nesta sexta-feira (9), a Polícia Civil do Ceará pediu mais 90 dias para investigar o crime.

O g1 conversou com o irmão mais novo de Júnior, Guthierre Gomes, de 22 anos. Ele disse que o irmão estava gravando imagens para um quadro chamado "onde é o geras hoje?" (expressão utilizada no Ceará para indicar locais de lazer entre a juventude). Junior tentava seguir carreira como digital influencer, com dança e nas redes sociais, mas também trabalhava como entregador de aplicativo.

“Onde tinha alguma festa, algum rolê, ele ia para cobrir, fazer alguns vídeos engraçados, e postava na internet”, explicou Guthierre.

Júnior estava no posto de gasolina com amigos. O grupo costumava frequentar a loja de conveniência do estabelecimento, de acordo com o irmão dele.

Briga no posto de gasolina

Briga termina com jovem baleado em Maracanaú, na Grande Fortaleza.

Briga termina com jovem baleado em Maracanaú, na Grande Fortaleza.

Guthierre disse que, segundo as testemunhas, a confusão que antecedeu o crime iniciou após o suspeito chegar ao posto de gasolina e frear o carro próximo ao grupo de amigos. Por conta do incidente, eles começaram uma discussão verbal com o policial militar. No carro do suspeito ainda havia outro homem e três mulheres, segundo Guthierre.

"Ele já chegou colocando o carro 'por cima' da galera que estava lá curtindo. Tinha outras vagas para estacionar. Não precisava ele ter feito aquilo", disse.

Guthierre relatou que a discussão verbal escalonou para agressões físicas, encerrando quando o policial disparou duas vezes — uma atingiu de raspão uma jovem, e a outra perfurou o abdome de Junior.

Junior ficou mais de 20 dias internado, mas o tiro atingiu o estômago e a bexiga — órgãos com recuperação lenta. No dia 27 de novembro, ele faleceu devido a uma hemorragia consequente do disparo.

‘Acabou com minha família’

Guthierre, que trabalha com fabricação de pás eólicas, revelou que a família ainda não conseguiu lidar com a perda do irmão. Ele disse, inclusive, que começou a tomar remédios para controlar as crises de ansiedade, que iniciaram após o crime.

“Ele [o policial] acabou com minha família, estragou. Está sendo muito difícil, muito doloroso. Ele tinha apenas 26 anos, era muito trabalhador”, lamentou.

“Dói tanto. É difícil acreditar que meu irmão não vai mais voltar. Eu fico olhando para o celular dele, e fico esperando ele chegar em casa, voltar, mas sei que não vai acontecer”, declarou o jovem de 22 anos.

Ele revelou também que não morava com os pais e o irmão antes do crime, porém, decidiu voltou à casa da família para seguir apoiando — e sendo apoiado — pelos outros familiares.

“Quando a notícia chegou até nós, foi desesperador. A gente nunca imaginou ele estar envolvido em uma confusão, daquela forma, e muito menos que isso acontecesse com ele. Ele era tão do bem, alegre, nunca fez mal a ninguém”, complementou Guthierre. 

G1

Postagens mais visitadas