Um mês depois, segue desaparecido homem sequestrado por encapuzados em Maracanaú

 Câmeras de vigilância flagraram o momento em que, pelo menos, cinco homens abordam e raptam Cle...

Mais de um mês após o crime, segue desaparecido Clézio Nascimento de Oliveira, 32 anos, sequestrado em 7 de novembro último na calçada de sua casa no bairro Alto Alegre II, em Maracanaú (Região Metropolitana de Fortaleza).

Enquanto o paradeiro de Clézio segue desconhecido, nessa terça-feira, 13, a 1ª Vara Criminal da Comarca de Maracanaú aceitou a denúncia contra a policial militar Maria Aline do Nascimento Rodrigues, que segue presa acusada de participação no crime.

A soldado foi denunciada pelo Ministério Público Estadual (MPCE) por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ainda que o corpo de Clézio não tenha sido encontrado, o promotor Igor Pereira Pinheiro apontou na denúncia que o “vestígio material pode — e deve — ser dispensado se houver outros elementos indiciários que apontem para a prática daquele delito” (homicídio).

Ele citou que, passados mais de 30 dias, não só Clézio não apareceu, apesar da busca em hospitais, como também não foi feito pedido de resgate.

“Ao nosso sentir, tal contexto associado ao fato de haver manchas de sangue no veículo, bem como modus operandi revelam que ele não foi simplesmente sequestrado”, diz o promotor na denúncia. “A vítima foi raptada para ser assassinada”.

O rapto de Clézio foi registrado por câmeras de vigilância. As imagens mostram que, por volta das 16h30min, quatro pessoas — armadas e usando coletes e balaclavas — abordaram a vítima, enquanto esta estava ao lado de outras pessoas.

Conforme uma testemunha, eles se apresentaram como policiais e perguntaram o “vulgo” de Clézio. Ele disse não ter apelido e que iria ligar para o advogado, mas foi colocado à força dentro do carro pelos criminosos, que ainda esbravejaram: “Porra de advogado!".

Familiares de Clézio ainda chegaram a tentar seguir o carro, mas os criminosos conseguiram despistá-lo. Clézio era monitorado por uma tornozeleira eletrônica, mas o aparelho deixou de emitir sinal “quando indicava estar próximo à via férrea em meio a um extenso matagal”, conforme consta na denúncia.

Maria Aline foi presa três dias após o sequestro. Com ela, a Polícia Civil apreendeu o carro que teria sido utilizado na ação, que pertence à mãe da PM. Apesar do veículo estar com uma placa diferente da observada no vídeo que flagrou o crime, o Sistema Agilis identificou o carro como sendo o mesmo usado na ação.

Além disso, entre os fatores que levaram à identificação de Maria Aline está o fato dela ter uma deficiência em uma das pernas que a faz andar de forma semelhante à mulher que aparece nas imagens.

As motivações do crime ainda não foram identificadas. Na delegacia, Maria Aline usou do direito constitucional de permanecer em silêncio. As investigações prosseguem, não só para esclarecer o motivo do crime, como também para identificar a autoria.

Após a investigação ter sido iniciada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o inquérito passou para a Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

“As diligências em torno da ocorrência já estão sendo realizadas, objetivando encontrar a vítima e identificar outros envolvidos na ação”, afirmou a pasta em nota. “Além disso, a CGD instaurou processo disciplinar para apuração na seara administrativa, estando este, atualmente, em trâmite processual”.

 

 

(O Povo)

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