imagens de satélite mostram que cemitério de mercenários de Putin não para de crescer

 Cemitério com corpos de mercenários do Grupo Wagner, na Rússia, em janeiro de 2023 — Foto: Reuters

 

No final do verão passado, um terreno próximo a uma pequena comunidade agrícola no sul da Rússia começou a ser preenchido por covas de combatentes mortos na Ucrânia. Os locais de descanso eram adornados com cruzes simples de madeira e coroas de flores coloridas que traziam a insígnia do Grupo Wagner da Rússia — um temido e secreto exército privado.

Havia cerca de 200 túmulos no local nos arredores da vila de Bakinskaya, na região de Krasnodar, quando a Reuters visitou no fim de janeiro. A agência de notícias comparou os nomes de pelo menos 39 dos mortos neste e em três outros cemitérios próximos aos registros do tribunal russo, bancos de dados disponíveis publicamente e contas de redes sociais. A Reuters também conversou com familiares, amigos e advogados de alguns dos mortos.

Muitos dos homens enterrados em Bakinskaya eram condenados recrutados pelo Grupo Wagner em 2022, depois que seu fundador, Yevgeny Prigozhin, prometeu perdão se os prisioneiros sobrevivessem seis meses no front. Eles incluíam assassinos, criminosos de carreira e pessoas com problemas com álcool.

Por meses, o Grupo está envolvido em uma sangrenta batalha para tomar as cidades de Bakhmut e Soledar na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. Autoridades ocidentais e ucranianas disseram que estão usando os condenados como bucha de canhão para sobrecarregar as defesas da Ucrânia.

Ao endurecer as sanções contra o Grupo Wager neste mês, o porta-voz da segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, classificou o grupo como "uma organização criminosa que está cometendo atrocidades generalizadas e abusos dos direitos humanos". Em uma breve resposta aberta ao governo dos Estados Unidos, Prigozhin pediu a Kirby que "esclarecesse qual crime foi cometido" por eles.

Vídeos e fotografias das sepulturas apareceram pela primeira vez em canais de mídia social na região de Krasnodar em dezembro. A Reuters localizou geograficamente essas imagens no cemitério Bakinskaya e revisou a imagens de satélite da Maxar Technologies e da Capella Space.

Os registros mostram que o terreno do Gruopo estava vazio no verão de 2022, tinha três fileiras de sepulturas no final de novembro e estava três quartos cheio no início de janeiro. Praticamente todo o terreno havia sido usado no dia 24 de janeiro.

O ativista local Vitaly Votanovsky, que tirou as primeiras fotos e documentou os soldados mortos na Ucrânia que foram enterrados nos cemitérios da região de Krasnodar, disse à Reuters que observou um caminhão entregando corpos no cemitério. Os coveiros disseram a ele que. os corpos vieram da cidade russa de Rostov-on-Don, perto da fronteira da Rússia com a região de Donetsk.

Quando a Reuters visitou o cemitério em janeiro, cercas e câmeras de segurança estavam sendo instaladas ao redor do terreno e outro enterro estava em andamento.

No início de janeiro, a agência de notícias estatal russa RIA Novosti publicou imagens de Prigozhin visitando o cemitério, fazendo o sinal da cruz e colocando flores em um túmulo. Segundo ele, os homens cujos corpos estavam no local haviam expressado desejo de serem enterrados em uma capela do Grupo Wagner, em vez de ter seus corpos devolvidos aos parentes.

O lote em Bakinskaya foi fornecido pelas autoridades locais, disse Prigozhin, depois que a capela ficou sem espaço. Em 2019, a Reuters noticiou a existência de um campo de treinamento do Grupo Wagner na vila de Molkino, a cerca 9 quilômetros de Bakinskaya. 

 

(g1)

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