Lula vai a Roraima para oferecer suporte aos indígenas Yanomami vítimas de desnutrição

 

O presidente Lula durante encontro com parlamentares nesta quarta (11) — Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Lula também decretou a criação Comitê de Coordenação Nacional, para discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população. O plano de ação deve ser apresentado no prazo de quarenta e cinco dias, e o comitê trabalhará por 90 dias, prazo que pode ser prorrogado.

A visita de Lula a Roraima também é um desejo antigo de lideranças indígenas que participaram dos grupos técnicos do gabinete de transição do petista.

A avaliação feita pelos integrantes é que a situação sanitária no território caminha para uma "crise humanitária" – devido ao aumento de casos de desnutrição em crianças e ao avanço do garimpo ilegal na região.

“Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. [...] Viajarei ao estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami”, escreveu Lula, em uma rede social, na sexta-feira (20).

Lula será acompanhado dos ministros:

  • Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
  • Nísia Trindade (Saúde)
  • Sônia Guajajara (Povos Indígenas)
  • Flávio Dino (Justiça)
  • José Múcio (Defesa)
  • Silvio Almeida (Direitos Humanos)
  • Márcio Macêdo (Secretaria-Geral)
  • General Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional)
  • e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno

O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, também devem participar da comitiva.

O presidente deve chegar à Base Aérea de Boa Vista às 9h30. Às 11h30, anunciará de ações emergenciais para a população Yanomami.

Dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), dão conta de que, ainda em 2021, 56,5% das crianças acompanhadas pelo governo no território Yanomami apresentaram quadro de desnutrição aguda – quando o peso é considerado baixo ou baixíssimo para a idade.

Avanço do garimpo ilegal

O território, que é a maior reserva indígena do país, registrou, nos últimos quatro anos, avanços do garimpo ilegal e alertas de mortes por falta de assistência sanitária e desnutrição.

Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), pelo menos 56% da população total da Terra Indígena é afetada pelo avanço da devastação e exposição indevida de indígenas isolados.

O Ministério da Saúde estima que cerca de 570 crianças do povo Yanomami foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região.

Apagão de dados

Embora o governo tenha divulgado uma estimativa do número de óbitos, Weibe Tapeba afirmou que a Sesai não tem um levantamento de "informações fidedignas".

A nova equipe da secretaria já deu início a um novo levantamento para dar "resposta ao povo brasileiro” e municiar o presidente Lula sobre as ações necessárias no local.

"O caso é de crise humanitária, sanitária e de insegurança", afirmou Tapeba.

Tapeba e a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, classificaram a região como uma das prioridades do novo governo de Lula.

Em entrevista recente à Rede Amazônia, Joênia afirmou que, durante a transição, ficou claro que será preciso uma "força-tarefa muito grande” para recuperar a segurança do local.

No início da semana, a Funai e o Ministério da Saúde deram início a uma missão no território Yanomami.

A equipe deve preparar um diagnóstico do território, que abriga mais de 30 mil indígenas. O relatório deve mapear demandas de saúde da população indígena.

Para dar continuidade aos trabalhos, Weibe Tapeba deve permanecer no território Yanomami para traçar e definir ações imediatas. 

G1

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